Avaliação de marcadores biológicos e sua associação com desfechos clínicos em pacientes com transtornos mentais submetidos a psicoterapias baseadas em evidências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Claudino, Felipe Cesar de Almeida
Orientador(a): Rocha, Neusa Sica da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/239091
Resumo: Psicoterapias baseadas em evidências são tratamentos reconhecidos para diversos transtornos psiquiátricos, como depressão, transtorno afetivo bipolar e transtornos de ansiedade. A psicoterapia, associada ou não a psicofármacos, está relacionada a desfechos clínicos favoráveis, como a remissão de sintomas e estabilização clínica. Além dos desfechos citados, há evidências de que as psicoterapias possam levar a alterações em marcadores biológicos, tais como citocinas, neurotrofinas e metabolismo cerebral. Estudar esses marcadores é uma ferramenta para entender os mecanismos fisiológicos do tratamento psicoterápico e compreender a progressão da doença na vigência dessa terapia. O objetivo desta tese é analisar três marcadores biológicos: fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), interleucina-6 (IL-6) e imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) e suas associações com a resposta ao tratamento de psicoterapias baseadas em evidências. O primeiro artigo desta tese revisou sistematicamente os níveis de BDNF em pacientes com transtornos mentais submetidos a psicoterapias individuais, antes e após o tratamento (k=8). Apesar da heterogeneidade dos estudos, os resultados são promissores nos transtornos estudados, estando o aumento dos níveis da neurotrofina associados à melhora clínica, no entanto os resultados em pacientes com diagnóstico de depressão tenham sido inconclusivos. O segundo artigo investigou um biomarcador de atividade neurológica em pacientes com diagnóstico de depressão submetidos à psicoterapia: a ressonância magnética funcional, com paradigma e em repouso, através de uma revisão sistemática (k=19). Dentre múltiplas áreas, a revisão destacou o sistema límbico na resposta à psicoterapia, área associada ao comportamento e emoções. O terceiro artigo, um estudo naturalístico, analisou 52 pacientes submetidos a uma das três seguintes modalidades de psicoterapias baseadas em evidência: terapia interpessoal, terapia cognitivo comportamental e psicoterapia de orientação analítica em relação aos desfechos de internação psiquiátrica, tentativa de suicídio, qualidade de vida, sintomas depressivos e ansiosos associados aos níveis de IL-6. Os níveis de IL-6 nessa amostra não variaram significativamente e os sintomas de depressão, ansiedade e a qualidade de vida se mantiveram estáveis, mas houve redução de tentativa de suicídio (de 48.07% dos participantes para 3.84%; p=0.003) e internações psiquiátricas no período (de 40.38% para 3.84% p=0.003). Os resultados demonstram o perfil grave dos participantes e o papel da psicoterapia associada à medicação na estabilização desses pacientes. Por fim, o quarto artigo avaliou os níveis de BDNF de um estudo longitudinal naturalístico com amostra de 47 pacientes, considerando variáveis clínicas de histórico de hospitalização psiquiátrica e tentativa de suicídio associada a uso de psicofármacos na resposta ao tratamento e o impacto nos níveis de BDNF. Os resultados mostraram que o uso de lítio está associado ao aumento dos níveis do marcador e que psicoterapias baseadas em evidência reduzem internação (B 0.439; p=0.019) e tentativa de suicídio em pacientes com histórico prévio, porém os níveis de BFNF não se alteraram significativamente na amostra analisada (p=0.855). Os achados obtidos reforçam a hipótese de que as psicoterapias baseadas em evidência podem cursar com alterações fisiológicas na melhora clínica e sintomática de pacientes com transtornos mentais, porém, a interação com biomarcadores é complexa e a literatura ainda incipiente. A expansão do conhecimento destes mecanismos, a partir dos marcadores estudados, é imprescindível para o incentivo à pesquisa e o reforço no tratamento baseado em evidências com uso de biomarcadores.