Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Fachinetto, Bruna |
Orientador(a): |
Battisti, Elisa |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/225237
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Resumo: |
O tema desta dissertação é a variação linguística intrafalante na interação pela fala de vendedores e clientes em situações sociais comerciais. Realiza-se uma análise interpretativo-descritiva de dados de fala, aproximada à análise da conversa etnometodológica conforme explicitada por Garcez (2008) e Ostermann (2012). Assumem-se os pressupostos de Eckert (2001, 2008, 2016), de que as variáveis linguísticas, formas alternativas de dizer a “mesma coisa” (LABOV, 2008), adquirem significados sociais em padrões regulares de uso contextualizado da linguagem, e de Bourdieu (1996), de que as variáveis tenham valores sociais no mercado linguístico em que circulam (BOURDIEU, 1996). Tais significados e valores são mobilizados em práticas estilísticas (ECKERT, 2018) no contexto da fala situada. O objetivo da análise é descrever o uso de variáveis linguísticas na sinalização de sentidos construídos e interpretadas na fala-em-interação com base nos significados e valores sociais das formas linguísticas para, assim, esclarecer os condicionamentos interacionais da variação intrafalante. Parte-se das hipóteses de que (a) o vendedor adote, em sua fala, traços linguísticos do cliente para compor sua persona profissional, buscando alinhar-se ao cliente; (b) o cliente alterne entre variantes de certas variáveis como recurso para negociar objetivos nas diferentes atividades de fala realizadas na interação em situações sociais de compra e venda. Quatro dados de fala-em-interação obtidos pela Técnica do Cliente Oculto (CHRISTOVAM, 2009) numa loja de materiais de construção do município de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, entre 2018 e 2019, são transcritos adaptando-se o sistema de Jefferson (1984). No exame e discussão dos dados analisados, promove-se a interface entre a sociolinguística e a pragmática. Usam-se desde a noção de competência comunicativa de Hymes (1974) e a ideia de continua de traços variáveis de Bortoni-Ricardo (2005) até a concepção de atos de fala situados de May (2014), bem como a noção de postura de Kiesling (2009), o conceito de implicatura conversacional de Grice (1975) e elementos da Sociolinguística Interacional (cf. RIBEIRO; GARCEZ, 2013), da Teoria da Polidez (BROWN; LEVINSON, 1987), da Teoria da Relevância (SPERBER; WILSON, 1955), da Teoria da Pressuposição (STALNAKER, 1979). Constata-se que a adoção, pelo vendedor, de variáveis vernaculares do falante reduz o efeito de normas interacionais da fala institucional, uma estratégia para reduzir a distância entre os interactantes.Verifica-se que tanto o vendedor quanto o cliente promovem variação intrafalante para sinalizar diferentes posturas em relação às ações realizadas ao longo da interação e seu alinhamento ou desalinhamento ao interlocutor. Conclui-se que tanto vendedores quanto clientes realizam práticas estilísticas ao longo da fala-em-interação, mobilizando variáveis linguísticas, seus significados e valores sociais na negociação de objetivos. A demonstração de “afetividade” do vendedor quando “fala a língua do cliente” resulta de sentidos construídos na fala-em-interação, sinalizados por elementos paralinguísticos e linguísticos, motivação da variação intrafalante. |