Variação linguística, identidade e estilo na locução de rádio: estudo de caso de uma comunicadora do sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Barbosa, Ana Paula Marques
Orientador(a): Battisti, Elisa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/254832
Resumo: O rádio, importante fonte de informação pública de grande abrangência em território brasileiro, transmitido via AM, FM e webradios, orienta suas comunicações orais pelo português padrão, falado e escrito, em diferentes gêneros e estilos de locução mais ou menos espontâneos (SENA, 2014; MEDITSCH, 1997; ONG, 1982). Essa orientação, no entanto, não previne a presença de traços peculiares aos falares locais, especialmente os fonológicos, referentes aos sotaques das comunidades de fala a que pertencem os locutores. O presente estudo analisa transmissões públicas de uma locutora de rádio de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul (RS) a fim de verificar as marcas linguístico-identitárias no português por ela produzido em diferentes situações de comunicação, em transmissões por FM e Web. Busca-se identificar as variáveis por ela empregadas para construir estilos de persona (COUPLAND, 2007), com base em formas de falar documentadas no estado (ALERS, ALiB, VARSUL, LínguaPOA). O Rio Grande do Sul conta com línguas de imigração (ALTENHOFEN; MARGOTTI, 2011) e variedades de português brasileiro cujos traços já foram, em alguma medida, identificados (BISOL; BATTISTI, 2014). Contudo, sequer as agências regulatórias do rádio têm informação sobre os falares praticados nas emissoras gaúchas, menos ainda a respeito de iniciativas que promovam e deem visibilidade à diversidade linguística do estado. A fonoaudiologia tem por demanda ajustar sotaques, mas existem poucos estudos que definem qual é o sotaque adequado às mídias e como atingi-lo. (DACOREGIO, 2021) Os estudos sociolinguísticos brasileiros, por seu turno, carecem de informações linguísticas de estilos de fala midiáticos, principalmente no que concerne à atuação feminina no rádio. O objetivo do trabalho é identificar os empregos linguísticos e estilos de persona da locutora, visando a: 1) verificar se há variação linguística na locução de rádio ou apenas “fala padrão”, como são orientados os locutores em sua formação; 2) observada variação linguística na comunicação de rádio, identificar as variáveis linguísticas mobilizadas pela locutora em tipos distintos de locução, em que emergem suas diferentes personae. Foram analisados dados de fala pública da locutora Denise Cruz (DC) nas rádios União 105.3FM, 102.3FM e Rádio Gaúcha, as duas últimas do Grupo RBS, em transmissões no rádio e nas redes oficiais da internet entre os anos de 2015 e 2022. Os dados gerados foram transcritos conforme Ostermann (2012) e analisados qualitativamente. Foram identificadas variações linguísticas características da região central de Porto Alegre na fala da comunicadora. A locutora apresentou alternância de /R/ em coda silábica em verbos no infinitivo, emprego variável de “tu” e “você”, alternância de palatalização de /T, D/, aplicação frequente do marcador discursivo né, ingliding e as variáveis paralinguísticas vocal fry, alternância de pitch e de entonação. As variáveis linguísticas e paralinguísticas identificadas nas falas mais e menos monitoradas de DC permitiram concluir que seus estilos de persona no rádio apresentam maior alinhamento com a norma-padrão e formas tradicionais de comunicar em mídias. Seu tom mais sóbrio, apesar de simpático no rádio, difere tanto de sua fala espontânea quanto de radialistas mais inovadores.