Determinação de padrões ventilatórios e avaliação de estratégias de rastreamento de transtornos respiratórios durante o sono em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: John, Angela Beatriz
Orientador(a): Fagondes, Simone Chaves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/139775
Resumo: Introdução: A obesidade é um problema de saúde pública em crescimento, sendo o principal fator de risco para os transtornos respiratórios durante o sono (TRS), como a apneia obstrutiva do sono (AOS) e a hipoventilação noturna. A cirurgia bariátrica se consolidou como possibilidade terapêutica para a obesidade significativa. A identificação precoce dos TRS na fase pré-operatória é essencial, pois acarretam um risco aumentado de complicações perioperatórias. Diversas propostas de triagem dos TRS com abordagens mais simplificadas em relação à polissonografia (PSG) têm surgido na literatura nos últimos anos, nem todas avaliadas em uma população de pacientes obesos. Objetivo: Determinar os padrões ventilatórios em obesos candidatos à cirurgia bariátrica e avaliar três estratégias de rastreamento de TRS nessa população. Métodos: Os critérios de inclusão foram pacientes com idade ≥18 anos com obesidade graus III [índice de massa corporal (IMC) ≥40 kg/m2] ou II (IMC ≥35 kg/m2) com comorbidades relacionadas à obesidade encaminhados para avaliação para cirurgia bariátrica. Foram excluídos pacientes com cardiopatia e/ou pneumopatia graves ou descompensadas. Foram avaliados 91 pacientes através de três estratégias: (1) Clínica [Escala de Sonolência de Epworth e questionários STOP-Bang, Berlim e Sleep Apnea Clinical Score (SACS), acrescidos de gasometria arterial (GA)]; (2) Oximetria (holter de oximetria durante o sono e GA) e (3) Portátil [monitorização portátil (MP) durante o sono e capnografia)]. Todos os testes realizados foram comparados com o teste padrão, a PSG, para o diagnóstico de AOS. Resultados: A amostra estudada foi composta por 77 mulheres (84,6%) com média de idade de 44,7 ± 11,5 anos e de IMC de 50,1 ± 8,2 kg/m2. Os padrões ventilatórios identificados foram ronco, hipoxemia isolada durante o sono, AOS e hipoventilação noturna em associação com AOS. Os dados polissonográficos evidenciaram AOS em 67 de 87 pacientes (77%), sendo 26 com transtorno leve, 19 moderado e 22 grave. Vinte pacientes (23%) tiveram diagnóstico de ronco e dois deles também apresentaram hipoxemia isolada durante o sono sem AOS ou hipoventilação concomitantes. Hipoventilação noturna associada com AOS foi identificada por capnografia em um paciente. Na Estratégia Clínica, o melhor resultado alcançado foi com o escore STOP-Bang ≥6 em pacientes com índice de apneia hipopneia (IAH) ≥30 (acurácia total de 82,8%). Na Estratégia Oximetria, os pontos de corte com maior sensibilidade e especificidade para IAH ≥5, ≥10, ≥15 e ≥30 foram tempo total de registro com saturação periférica de oxigênio (SpO2) <90% por, pelo menos, 5 minutos; índice de dessaturação (ID)3% ≥22 dessaturações/hora de registro e ID4% ≥10 e ≥15 dessaturações/hora de registro. Todas as áreas sobre a curva (ASC) situaram-se acima de 0,850. Para um IAH ≥5, o ID4% ≥10 apresentou sensibilidade de 97%, especificidade de 73,7%, valor preditivo positivo de 92,8% e negativo de 87,5% e acurácia total de 91,8%. Na Estratégia Portátil, o índice de distúrbios respiratórios (IDR) foi um bom preditor de AOS nos variados pontos de corte de IAH (ASC de 0,952 a 0,995). As melhores sensibilidades e especificidades foram alcançadas em pontos de corte semelhantes de IDR e IAH, especialmente nos extratos de IAH ≥10 e ≥30. A acurácia total máxima foi de 93,9% para IDR ≥5, ≥10 e ≥30 nos seus correspondentes IAH. Baseados nesses resultados, foram testadas estratégias combinadas compostas pelo questionário STOP-Bang ≥6 com ID4% ≥10 ou ≥15. O melhor equilíbrio entre sensibilidade e especificidade e a maior acurácia foram obtidos com a estratégia STOP-Bang ≥6 com ID4% ≥15 em AOS grave. Conclusões: A frequência de ocorrência de TRS nos obesos em avaliação para cirurgia bariátrica foi alta, sendo a AOS o transtorno mais encontrado. Os questionários disponíveis até o momento, isoladamente, parecem ser insuficientes para o rastreamento de AOS nessa população, à exceção do STOP-Bang ≥6 em pacientes com AOS grave. O uso de uma medida fisiológica objetiva expressa pelo holter de oximetria foi útil para rastrear AOS em pacientes obesos. A MP apresentou acurácia aumentada, especialmente nos extremos de valores de IAH, com resultados comparáveis aos da PSG. A PSG poderia ser reservada apenas para confirmação diagnóstica em casos selecionados.