Composição e estrutura em assembleias de peixes em duas lagoas costeiras no litoral médio do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Dias, Tatiana Schmidt
Orientador(a): Fialho, Clarice Bernhardt
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/141872
Resumo: O presente estudo teve como objetivo caracterizar, em uma escala espaço-temporal, as assembleias de peixes das lagoas dos Barros e Corvina, quanto à sua composição, ocorrência, abundância, biomassa, diversidade, dominância e equitabilidade das espécies, além de verificar suas relações com as variáveis ambientais. Estas lagoas estão situadas no litoral médio do Rio Grande do Sul e pertencem à bacia do rio Tramandaí. Esta região foi considerada de elevada importância biológica no contexto da zona costeira brasileira por apresentar ambientes heterogêneos e produtivos, abrigando uma grande diversidade biológica e alto endemismo de espécies ícticas. Estas lagoas isoladas de água doce apresentam características morfométricas diferenciadas, principalmente quanto à área de superfície, volume e profundidade. As coletas foram realizadas mensalmente, entre abril de 2010 e março de 2011. Na lagoa dos Barros, quatro locais foram amostrados com rede de arrasto, e três com redes de espera, enquanto na lagoa Corvina, dois locais foram amostrados com rede de arrasto e dois com redes de espera. Os locais de amostragem foram escolhidos de acordo com as variações das características ambientais de cada lagoa. Na lagoa dos Barros foram capturadas 51 espécies, sendo 46 amostradas com rede de arrasto e 28 com redes de espera. Na lagoa Corvina foram amostradas 49 espécies, sendo 40 coletadas com rede de arrasto e 28 com redes de espera. Em ambas as lagoas, Characiformes e Labriformes apresentaram maior número de espécies na rede de arrasto, enquanto Characiformes e Siluriformes predominaram nas redes de espera. Temporalmente, em ambas as lagoas, a maior abundância de indivíduos e biomassa ocorreu nos meses de primavera e verão na rede de arrasto, enquanto nas redes de espera, os maiores valores de abundância e biomassa foram registrados nos meses de outono e inverno. Diferencas estatisticamente significantes na abundância e biomassa de espécies entre as diferentes artes de pesca foram detectadas em ambas as lagoas. Lagoa dos Barros: os resultados das análises estatísticas revelaram diferenças espaciais e sazonais para abundância e biomassa das espécies coletadas com rede de arrasto, enquanto para as redes de espera, somente diferenças sazonais foram observadas. A diversidade e a dominância de espécies na rede de arrasto diferiram espacial e sazonalmente, enquanto para as redes de espera estes índices variaram sazonalmente. A equitabilidade de espécies não variou sazonal ou espacialmente. O fotoperíodo foi o principal preditor da variação da abundância em ambos os amostradores, e também foi o principal preditor da biomassa na rede de arrasto. A vegetação foi a principal responsável pelas variações da diversidade e dominância de espécies na rede de arrasto, enquanto nas redes de espera, o fotoperíodo e a profundidade foram os principais preditores destes índices. Através da análise de correspondência, verificou-se que a variação na abundância das espécies coletadas com rede de arrasto esteve relacionada à vegetação, substrato, profundidade e temperaturas do ar e da água. Nas redes de espera, a variação na distribuição da abundância das espécies de peixes foi explicada pelas temperaturas da água e do ar, fotoperíodo, profundidade e pluviosidade. Lagoa Corvina: os resultados das análises estatísticas revelaram diferenças espaciais e sazonais para a abundância e somente diferenças sazonais para biomassa na rede de arrasto, enquanto nas redes de espera somente diferenças sazonais foram observadas. A diversidade de espécies diferiu sazonalmente somente na rede de arrasto, enquanto a dominância e a equitabilidade não diferiram espacial e sazonalmente em ambos os amostradores. A temperatura da água e a vegetação foram os principais responsáveis pela abundância, enquanto o fotoperíodo foi o principal preditor da biomassa de espécies nas redes de arrasto. A temperatura do ar e o fotoperíodo foram os principais preditores da diversidade de espécies coletadas com rede de arrasto, enquanto para as redes de espera, a temperatura da água e a profundidade foram os principais responsáveis por este índice. O fotoperíodo foi o principal preditor da dominância e da equitabilidade de espécies amostradas com rede de arrasto. Através da naálise de correspondência, verificou-se que a variação na abundância das espécies coletadas com rede de arrasto esteve relacionada à profundidade. Nas redes de espera, a variação na distribuição da abundância das espécies de peixes foram explicadas pelas temperaturas da água e do ar e fotoperíodo. A partir dos resultados encontrados neste estudo, pode-se concluir que ocorrem diferenças sazonais e espaciais no padrão de distribuição das espécies amostradas com rede de arrasto, enquanto as assembleias amostradas com redes de espera apresentaramm somente diferenças sazonais nas lagoas dos Barros e Corvina. As relações das espécies com as variáveis ambientais são discutidas com base no comportamento alimentar e/ou reprodutivo destas e nas características dos diferentes ambientes amostrados.