A influência da história familiar de hipertensão sobre a associação entre a excreção urinária noturna de sódio e a pressão arterial em uma amostra populacional de adultos jovens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1994
Autor(a) principal: Moraes, Renan Stoll
Orientador(a): Fuchs, Flávio Danni
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/139237
Resumo: Natureza do problema A patogênese da Hipertensão Arterial Sistêmica essencial, um dos principais fatores de risco para doenças atero-trombóticas, é multifatorial, dependendo da interação entre predisposição genética e fatores ambientais. O cloreto de sódio parece ser o mais importante desencadeante ambiental. Os estudos observacionais apontam para uma associação positiva entre consumo de sal e prevalência de HAS entre diferentes sociedades. Dentro de uma mesma sociedade, porém, sua intensidade é menor. Uma das explicações para esta constatação é a existência de indivíduos muito sensíveis ao sal e outros, resistentes, fazendo com que a correlação dependa, principalmente, dos primeiros. Tal característica parece ter uma forte predisposição familiar. Objetivo Investigar a influência da predisposição familiar para hipertensão sobre a associação entre excreção urinária de sódio e pressão arterial, em uma amostra populacional de adultos jovens. Métodos Modelo geral de Investigação: estudo observacional, analítico e de delineamento transversal. Amostra: a amostragem, com base populacional, foi aleatória e deu-se por estágios múltiplos e por conglomerados. Aferição das variáveis: coletaram-se os dados em visita domiciliar. Foi aplicado um questionário que continha questões referentes a dados pessoais, sacio-econômicos, história familiar de hipertensão, uso de medicanlentos, exposição ao fumo e álcool, entre outras. A determinação da história familiar foi feita através da informação direta do entrevistado ou fornecidas pelos outros familiares ou moradores entrevistados no domicílio. Aferiram-se parâmetros antropométricos e a pressão arterial com manômetros aneróides, periodicamente calibrados contra mercúriais. A média de duas aferições foi utilizada nas análises. Coletou-se urina noturna (12 horas) no domicílio dos entrevistados. A análise bioquímica foi feita pelo método de fotometria de chama para o sódio e potássio. Determinou-se a calciúria pelo método de Q-cresoftaleína complexano, sem desproteinização, na automação Cobas Mira. Análise estatística: utilizou-se estatística descritiva pertinente natureza dos dados. As hipóteses bivariadas foram testadas por Qui-quadrado, ANOVA, correlação de Pearson e teste T de Student. Para controle de vieses de confusão das associações em teste, empregou-se análise de covariância. Resultados De um total de 432 indivíduos elegíveis, 398 (92,1°1<» foram entrevistados. Entre os 398 que coletaram a urina, 163 tinham menos do que 35 anos. Destes, foram excluídos 6 pela invalidação dos parâmetros urinários, resultando em 157 indivíduos. Vinte e sete deles (17,2°/Ó) tinham ambos os pais, ou um pai e um irmão, hipertensos, sendo então caracterizados como o grupo de predisposição familiar forte. Os 130 restantes (82,8%) constituíram o grupo de predisposição familiar não-forte. As análises de correlação entre excreção urinária noturna de sódio e a pressão arterial, estratificando-se para a história familiar, mostraram uma correlação significativa entre os níveis pressóricos e a excreção urinária nos fortemente predispostos. Conclusões Os presentes achados demonstram que a associação entre a excreção urinária de sódio e a pressão arterial , em adultos jovens, é influenciada pela predisposição familiar para hipertensão. A associação é forte, somente, nos indivíduos predispostos para hipertensão. Esse achado, anteriormente demonstrado em modelos experimentais, foi aqui detectado em indivíduos vivendo sob condições usuais. O fato de se terem estudado valores de pressão arterial e de excreção urinária de sódio, obtidos com proximidade temporal, reforça a idéia de que a associação é instantânea. A fraca correlação observada em alguns estudos populacionais intra-sociedades pode ser explicada por esse fato, em adição predisposição familiar para hipertensão.