Estado funcional e nível de independência para atividades de vida diária de crianças um ano após a alta de uma unidade de terapia intensiva pediátrica terciária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Dannenberg, Vanessa Campes
Orientador(a): Carvalho, Paulo Roberto Antonacci
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/247566
Resumo: Introdução: Devido à redução dos índices de mortalidade nas unidades de terapia intensiva (UTIs) pediátricas, a avaliação dos desfechos funcionais se tornou um novo indicador de qualidade do cuidado ao paciente. No entanto, existem lacunas na investigação dos fatores de influência dos desfechos funcionais em longo prazo e dos impactos das doenças críticas nas atividades de vida diária (AVDs) de pacientes pediátricos. Objetivo: Avaliar o estado funcional e a independência para AVDs de crianças no período de um ano após a alta da UTI pediátrica. Métodos: Estudo observacional de uma coorte de pacientes egressos de uma UTI pediátrica terciária no Rio Grande do Sul. Foram incluídos todos os pacientes recrutados durante a primeira fase do estudo (set/2016 e out/2017). Os pacientes internados na UTI durante o período de seguimento, com 18 anos completos e que se recusaram continuar participando do estudo foram excluídos. As medidas do estado funcional foram realizadas através da Escala de Estado Funcional (FSS-Brasil) em três momentos: admissão, alta e um ano após a alta da UTI pediátrica. A independência para as AVDs das crianças (idade ≤ sete anos e meio) foi avaliada através da parte II do Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI) um ano após a alta da UTI. Resultados: Dos 242 pacientes recrutados, 128 completaram o seguimento. No decorrer do tempo, ocorreram mudanças significativas nos estados funcionais desses participantes (p<0,001). Um total de 62% dos pacientes apresentou declínio funcional na alta. Após um ano, 33% desses pacientes não havia recuperado suas condições funcionais basais. A idade inferior a 12 meses na admissão representou, em dois modelos de regressão, fator de proteção contra piores desfechos funcionais após um ano (p<0,05). Independentemente da classificação dos estados funcionais na alta da UTI, a ocorrência de declínio funcional representou um aumento de 6,86 vezes (IC95% 2,16-21,79; p = 0,001) no risco de piores desfechos funcionais em longo prazo. Em relação ao desempenho para AVDs, das 102 crianças avaliadas através do PEDI, pelo menos 56% apresentou níveis de assistência do cuidador de acordo com o esperado para a idade. Crianças com condições crônicas complexas apresentaram aumento do risco de dependência do cuidador para atividades de autocuidado (RR:1,15; IC95%:1,01-1,32; p=0,03) e mobilidade (RR:1,21; IC95%1,00-1,47; p=0,04). Crianças com estados funcionais severamente/muito severamente anormais na alta da UTI pediátrica apresentaram risco aumentado de dependência do cuidador para as AVDs em todos os domínios do PEDI (p≤0,05). Conclusões: A idade no momento da admissão e os estados funcionais na alta da UTI influenciaram os desfechos funcionais das crianças após um ano. Além disso, apesar de a maioria das crianças desempenhar suas AVDs conforme o esperado para a idade, as morbidades prévias e os estados funcionais comprometidos na alta foram associados ao aumento no risco de dependência do cuidador após um ano. Esta tese contribui com novas evidências sobre os resultados funcionais de longo prazo após doença crítica em crianças e fornece informações de base para futuros estudos neste campo no Brasil.