Estudo de fidedignidade e evidências de validade para o Rorschach - Performance Assessment System (R-PAS) em uma amostra de adolescentes pacientes e não pacientes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Schneider, Andréia Mello de Almeida
Orientador(a): Bandeira, Denise Ruschel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/219195
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi verificar a precisão por avaliadores e estabilidade temporal de 60 variáveis em nível de protocolo do Rorschach - Performance Assessment System (R-PAS; traduzido como Sistema de Avaliação por Desempenho), assim como buscar evidências de validade com base em variáveis externas para algumas variáveis do R-PAS para a avaliação de adolescentes. O R-PAS é um instrumento baseado na performance típica do avaliado em que o foco interpretativo é a personalidade em ação, ou seja, por meio de uma amostra de comportamentos é possível observar características como engajamento e processamento cognitivo, problemas de percepção e pensamento, vivências de desconforto afetivo, bem como representação de si e de outros. A fim de atender aos objetivos propostos, foram conduzidos três estudos. O primeiro analisou a precisão entre avaliadores em uma amostra de 89 adolescentes gaúchos (55,1% meninas) com idade média de 13,2 anos (DP = 1,01). Foi encontrada uma concordância média excelente (ICC = 0,89; DP = 0,09) para as 60 variáveis no nível de protocolo, que são foco de interpretação. Foi observada maior precisão para variáveis comumente codificadas (M = 0,87) em oposição a variáveis raras ou pouco frequentes (M = 0,78). Comparando os resultados de cada uma das variáveis com outros três estudos recentes, a maioria das variáveis apresentou baixa variabilidade, sugerindo que para essas existem diretrizes bem definidas de codificação. Variáveis com maior variabilidade entre os estudos indicaram menor concordância e para essas seria desejável parâmetros mais detalhados de codificação. O segundo estudo, que analisou a estabilidade temporal das 60 variáveis no nível do protocolo, utilizou uma amostra de 65 adolescentes do Rio Grande do Sul (55,4% meninos) com média de idade de 13,37 (DP = 1,07). Eles foram avaliados duas vezes com intervalo médio de 20 dias (DP = 8,6). Para análise foram empregados o Índice de Correlação Intraclasse (ICC - Consistency), t de Student e d de Cohen. O nível geral médio de estabilidade ficou abaixo do desejado (ICC = 0,48; DP = 0,22). As médias da primeira avaliação (T1) e do reteste (T2) apresentaram diferenças estatisticamente significantes para sete variáveis (11,7%). Maior variabilidade entre T1 e T2 foi encontrada para as variáveis número de respostas (d = 0,55) e Complexidade (d = 0,54). O terceiro e último estudo, que buscou evidências de validade para algumas variáveis do R-PAS utilizando como critério os três principais escores da Escala Wechsler Abreviada de Inteligência (WASI): o QI total (QIT-4), o QI verbal e o QI de execução, em uma amostra de 158 adolescentes (MAge = 13,20, DP = 1,07; 54.4% meninos) do sul do Brasil. As variáveis do R-PAS foram selecionadas a partir de uma série de estudos prévios que analisaram possíveis associações com habilidades cognitivas em adolescentes, assim como estudos que avaliaram outros aspectos que pudessem estar relacionados com a adolescência como, por exemplo, idade e anos de estudo. A variável Complexidade e seus três subcomponentes (Complexidade da Localização, Espaço e Objeto; Complexidade do Conteúdo e Complexidade dos Determinantes) apresentaram correlação positiva com os três escores da WASI, variando de r = .18 para Complexidade de Conteúdo e QI de execução até .30 para Complexidade e QI total. A maioria das variáveis pertencentes aos subcomponentes da Complexidade apresentaram correlações consistentes, sendo que aquelas que pertencem à Complexidade dos Determinantes apresentaram maior número de correlações significativas. Contudo, algumas variáveis do R-PAS que foram selecionadas para análise não apresentaram correlações com as variáveis critério conforme esperado. As variáveis do R-PAS selecionadas para validade discriminante não foram correlacionadas com os escores da WASI. As diferenças entre um teste de performance máxima e típica são discutidas. No geral, os resultados indicam excelente confiabilidade entre avaliadores para a maioria dos códigos e apresentam bases sólidas para futuras pesquisas sobre confiabilidade entre avaliadores com o R-PAS. Já a estabilidade foi adequada para algumas variáveis, mas para outras foi limitada ou até inexistente. Os efeitos do examinador, o envolvimento dos adolescentes durante o reteste e o tamanho da amostra são discutidos como influência nos resultados. O estudo de evidências de validade indica que a magnitude das correlações, apesar de terem ficado abaixo do esperando em comparação a estudos anteriores, os resultados sugerem que o R-PAS é útil para avaliar as habilidades cognitivas em um contexto mais amplo do que apenas investigar a inteligência e contribui para a compreensão dos recursos cognitivos associados à produção de respostas. Os estudos de precisão e validade mostraram que, de modo geral, o R-PAS apresenta boas características psicométricas e são adequados para utilização clínica com adolescentes.