Ensaio sobre a constituição de uma ética historiográfica no Brasil oitocentista : Francisco Adolfo de Varnhagen, o historiador no tempo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Santos, Evandro dos
Orientador(a): Cezar, Temistocles Americo Correa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/114431
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar a constituição de princípios éticos na escrita da história no Brasil do século XIX a partir do exame de parte da obra do mais importante historiador brasileiro daquele período: Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878). Após formação e atuação militar, Varnhagen ingressou na carreira diplomática. Este transcurso como funcionário da burocracia imperial permitiu-lhe o acesso aos arquivos europeus e a possibilidade de produzir importantes obras de síntese sobre a história política e literária brasileira, além de diversos outros estudos, cujo resultado mais conhecido foi a História geral do Brazil (1854-1857). Esta investigação circunscreve suas atividades, sobretudo, entre meados da década de 1830 e meados de 1850, período imediatamente anterior à publicação de seus grandes projetos. Interesses pessoais motivaram sua inserção em diversos espaços letrados, com destaque para a filiação à Academia das Ciências de Lisboa e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Além disso, tal época foi marcada por suas colaborações de caráter tanto históricos quanto ficcionais em periódicos literários portugueses, tais como O Panorama e Revista Universal Lisbonense. A exposição a seguir está dividida em duas partes principais. Na primeira, a operação historiográfica conduzida no IHGB, sediado no Rio de Janeiro, é retomada mediante uma leitura focada na presença e nas apropriações de autores antigos nos textos dos sócios que compunham a primeira geração da referida associação, seguida do exame de duas polêmicas eruditas protagonizadas por Varnhagen. A reconstituição dessas querelas permite o aprofundamento da análise das definições referentes à escrita da história, suas formas e funções, e às competências e compromissos do historiador naquele momento. Na segunda etapa, o foco recai sobre textos esparsos e pouco estudados de Varnhagen, avulsos ou impressos em jornais para divulgação e instrução pública em Portugal. A estratégia utilizada para abordagem e sistematização desse material consistiu na leitura de parte da obra do jornalista, escritor e historiador português Alexandre Herculano (1810-1877). Contemporâneo de Varnhagen, ambos dividiram espaços na vida letrada da Lisboa oitocentista. A indiscutível importância da atuação de Herculano na imprensa e na pesquisa histórica da época autoriza a ampliação da análise no que diz respeito às ligações entre história e ficção e, mais especificamente, ao novo estatuto do conhecimento produzido por meio do estudo do passado e das responsabilidades do historiador após os movimentos liberais que alteraram a política em Portugal. De maneira geral, a tese preocupa-se em argumentar que, a despeito das imprecisões disciplinares do ofício historiográfico ao longo do século XIX, do papel social assumido pela história, das experiências letradas advindas da assunção política desse saber e das temporalidades justapostas naquele contexto, se pode verificar a consecução de uma ética historiográfica, culturalmente construída e delimitada no tempo.