Escola kaingang : concepções cosmo-sócio-políticas e práticas cotidianas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Freitas, Maria Inês de
Orientador(a): Bergamaschi, Maria Aparecida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/163813
Resumo: Este trabalho, intitulado Escola Kaingang: Concepções Cosmo-sócio-políticas e Práticas Cotidianas, apresenta a dissertação de mestrado desenvolvida por uma pesquisadora indígena, cuja pesquisa principal foi realizada nas Escolas Indígenas Antonio Kasĩn Mĩg e Mũkẽj, da Terra Indígena Guarita – municípios de Redentora, RS e Tenente Portela, RS, respectivamente. A escolha dessas escolas para desenvolver a pesquisa de campo se deu a partir do conhecimento prévio da realidade e do sentimento de pertencimento étnico; mas, igualmente, foi movida pela preocupação de refletir sobre o tratamento dado aos valores e costumes da tradição Kaingang, nas práticas escolares que caracterizam e qualificam a escola como indígena. A temática da educação escolar indígena tem sido tema de reflexões sistemáticas, e essa abordagem considera a problemática das especificidades culturais e linguísticas. A escola que foi imposta como um instrumento de dominação hoje se constitui com importância para a comunidade, como um instrumento de luta e de conquista de direitos, que são inalienáveis. A pesquisa foi desenvolvida através de aproximações, escuta sensível, entrevistas e diálogo, direcionados para as questões linguísticas e culturais. Para compreender o universo da educação foram realizadas observações no cotidiano escolar, estudos dos documentos que dão sustentação à estrutura escolar e a participação em um seminário sobre a cultura Kaingang. As reflexões dialógicas mostraram as possibilidades de interculturalidade no contexto pedagógico escolar. Porém, percebi também que se trata de um exercício desafiador, pois na estrutura colonialista do sistema escolar, onde estão inseridas as escolas indígenas, muitas vezes transcorre um conflito silencioso, devido ao trato desigual dado às culturas indígenas e à sociedade envolvente. A pesquisa foi fundamentada com os estudos sobre as concepções pedagógicas de Paulo Freire e sobre as línguas indígenas de Eunice Dias de Paula, Wilmar D’Angelis e Marcia Nascimento. Também traz a abordagem das concepções de aprendizagem e alfabetização num contexto bilíngue e a filosofia de autores indígenas. Nesse processo busquei evidenciar a importância da valorização das práticas culturais existentes nas escolas, na educação bilíngue e no cotidiano escolar, traçando um fio condutor do perfil do educador comprometido com a perspectiva da pedagogia da autonomia de Paulo Freire. Na trajetória de construção e compreensão do trato investigativo para busca de informações, foram realizadas entrevistas e diálogos com professores e lideranças da comunidade sobre a importância da língua e da cultura nos ensinamentos escolares. Observei que os professores e integrantes das comunidades indígenas possuem sentimentos e pensamentos unânimes sobre a necessidade de dispensar maior atenção às atividades linguísticas e culturais nas práticas educativas. Essa condição vai possibilitar que as escolas sejam indígenas, de fato e de direito.