Atos dos bons samaritanos : romanização e medicalização na vida de religiosos católicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Almeida, Juliano Florczak
Orientador(a): Steil, Carlos Alberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/194453
Resumo: Construiu-se certo consenso de que a instituição religiosa domestica o sagrado. No caso do catolicismo, o grande desafio enfretado pela Igreja Católica seria, então, controlar as práticas populares e de seus agentes para minimar as transformações decorrentes da efervescência do sagrado. A fim de colocar em discussão esse consenso, esta pesquisa acompanha práticas de promoção de saúde realizadas por religiosos católicos. Partindo de uma crítica ao especialista e às especialidades, esta investigação antropológica questiona a relação privilegiada entre antropologia e etnografia e, ao invés de se apoiar na sincronia, como é costumeiro em Antropologia, investe na profundidade histórica. Propondo uma metodologia comparativa, sensível o bastante para perceber emergências, desaparecimentos e transformações, aborda as trajetórias de seis religiosos – frei Fabiano de Cristo, frei Galvão, frei Rogério, padre Eustáquio, padre Aloísio e frei Hugolino – cujas práticas significaram aggionamenti da parábola do bom samaritano. Seguindo suas práticas de cura e mantendo especial atenção aos materiais nelas acionados, foi possível construir uma história das práticas de cura e observar suas transformações ao sabor das mudanças do culto – e vice-e-versa. E descrever os povoamentos dessas práticas por uma série de fluxos que sugerem continuidades espaço-temporais. A pesquisa propõe, então, três apontomentos. O primeiro diz respeito ao processo de medicalização. Sustenta que o progressivo empoderamento do corpo médico, significativo o suficiente para participar das práticas dos religiosos, não representou a destituição do religioso como promotor de práticas de saúde. O segundo, relativo à romanização, argumenta que, a despeito das intenções dos agentes, a romanização não foi um processo bem-sucedido e, ao contrário de promover purificações das práticas católicas, produziu novos hibridismos. O terceiro apontamento, que atravessa os outros dois, salienta a ausência de uniformidade no âmbito institucional, caracterizado por certa instabilidade. Essas características sugerem linhas de fuga às domesticações do sagrado.