Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Melo, Tomaz Panceri |
Orientador(a): |
Soares, Marina Bento |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/253691
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Resumo: |
Os cinodontes são um clado de amniotas sinápsidos, cuja rica história evolutiva se estende desde o surgimento do grupo, no final do Permiano, até o presente da nossa própria espécie, englobando todos os mamíferos e inúmeros dos seus (e nossos) ancestrais extintos. Durante o período Triássico, os cinodontes não-mammaliaformes, agrupamento parafilético daqueles menos aparentados aos mamíferos, tiveram seu apogeu de diversidade e importância ecológica. Um exemplo admirável do sucesso dos cinodontes triássicos é observado no clado dos traversodontídeos, herbívoros e onívoros de médio a grande porte, com dentes pós-caninos alargados lábio-lingualmente, convergentes com os molares dos mamíferos. A presente tese tem como objetivo contribuir para o conhecimento acerca dos traversodontídeos da Supersequência Santa Maria (Triássico Médio a Superior do Rio Grande do Sul, Brasil), uma das unidades mais importantes para o estudo do grupo no mundo. Apresentamos o estado da arte do conhecimento sobre cinodontes, com ênfase nos aspectos anatômicos crânio-dentários dos traversodontídeos. Os três artigos científicos que compõem a parte principal desta tese descrevem fósseis de traversodontídeos inéditos ou já conhecidos, em sua anatomia externa ou microscópica, realizando comparações com outras espécies e discutindo as suas implicações taxonômicas, paleoecológicas e bioestratigráficas. O primeiro artigo descreve uma nova espécie de traversodontídeo basal, Scalenodon ribeiroae, da Zona-Associação (ZA) de Dinodontosaurus. O mesmo gênero era conhecido da Formação Manda da Bacia Ruhuhu (Mesotriássico, Tanzânia), o que reforça, juntamente com a presença do cinodonte Aleodon, a correlação bioestratigráfica entre as unidades brasileira e africana. Nossas descobertas acentuam as possíveis inconsistências entre as idades estimadas para certos depósitos africanos com base na bioestratigrafia (Eotriássico a Mesotriássicoo) e as datações radiométricas de camadas sul-americanas (Neotriássico). O segundo artigo trata da dentição pós-canina de Menadon besairiei, da ZA de Santacruzodon, cuja morfologia difere da dos demais traversodontídeos, sendo o limite entre a coroa e a raiz dentária pouco distinto, além de sofrerem interrupção na substituição. A análise da microestrutura dos dentes revelou apenas cemento e dentina, mesmo nas extremidades coronais, sugerindo o crescimento prolongado dos pós-caninos, chamado hipsodontia. Esse achado constitui o registro mais antigo de hipsodontia e o único fora de Mammaliaformes. Os mamíferos hipsodontes atuais em geral são herbívoros e/ou consomem partículas abrasivas junto com a dieta, o que causa desgaste dentário acelerado. Infere-se que a convergência se deve a Menadon ter tido hábitos semelhantes à desses mamíferos. O terceiro artigo descreve uma série de fósseis de um afloramento pouco explorado da ZA de Santacruzodon, conhecido 5 como Carolina Soil, no município de Vera Cruz. Verificou-se que a grande maioria dos fósseis desta localidade pertence ao traversodontídeo Santacruzodon hopsoni, e um único indivíduo foi identificado como o probainognátio Chiniquodon sp., uma proporção semelhante a do Afloramento Schöenstatt. Os novos espécimes de Santacruzodon apresentam amplo espectro de tamanhos, de prováveis juvenis a adultos, apesar de todos serem maiores que os espécimes originalmente descritos para o Afloramento Schöenstatt. Reitera-se a relevância de Santacruzodon como fóssil-guia para a referida ZA. Os resultados obtidos nesta tese trazem novas informações sobre um grupo importante nos ecossistemas triássicos, fortalecendo o papel dos traversodontídeos no entendimento de processos evolutivos mais amplos, assim como na bioestratigrafia de Gondwana. |