Efeito genotóxico dos alcalóides beta-carbolínicos harmano e harmina em dois sistemas eucariotos : na levedura Saccharomyces cerevisiae e em fibroblastos de pulmão de hamster chinês

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Boeira, Jane Marlei
Orientador(a): Henriques, João Antonio Pêgas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/275960
Resumo: Harmano e harmina, dois alcalóides β-carbolínicos encontrados em várias famílias de plantas, são conhecidos, principalmente, por apresentarem ações sobre os sistemas nervoso central, muscular e cardiovascular, causando alucinações, tremores, convulsões, hipotensão e bradicardia. São também agentes intercalantes entre as bases do DNA e inibidores enzimáticos, como as DNA topoisomerases e monoamino-oxidases. No presente estudo, foi investigada a citotoxicidade e genotoxicidade de harmano e harmina, em dois sistemas eucariotos, na levedura Saccharomyces cerevisiae e em culturas de fibroblastos de pulmão de hamster Chinês, células V79. Estes alcalóides apresentaram uma importante citotoxicidade em S. cerevisiae e em células V79, sendo este efeito mais pronunciado para a harmina. Na levedura, os dois alcalóides induziram resposta mutagênica fraca em células haplóides da levedura tratadas em fase exponencial na ausência de crescimento, para os locus his1-7 (mutação missense), lys1-1 (mutação forward) e hom3-10 (mutação frameshift). Harmano e harmina aumentaram as freqüências de recombinação (conversão gênica e crossing-over) em células diplóides apenas em condições de crescimento, porém somente para harmina estes resultados foram significantes. A sensibilidade pronunciada dos mutantes rad6Δ (defectivo na via mutagênica) e rad52-1 (deficiente em recombinação) ao harmano e harmina, permitiram inferir que estes alcalóides induzem, direta ou indiretamente, quebras simples e duplas nas cadeias de DNA. Já a sensibilidade mostrada pelos mutantes defectivos nas vias de reparação por excisão-ressíntese (rad3-e5, rad1Δ) aos alcalóides, indicaram que os mesmos também podem produzir adutos no DNA. As análises das interações entre os diferentes mutantes rad de S. cerevisiae, defectivos nas três principais vias de reparação, em relação aos danos no DNA produzidos por harmano e harmina, mostraram uma interação do tipo epistática entre os alelos mutantes rad3-e5 e rad52-1. Estes resultados sugerem que as lesões provocadas por esses alcalóides necessitam, para serem reparadas, da ação conjunta dos mecanismos de reparação por excisão-ressíntese e por recombinação. Entretanto, a interação não epistática observada entre os mutantes rad1Δ e rad6Δ indica que ambas as vias de reparação por excisão-ressíntese e sujeita à erros, atuam independentemente no reparo das lesões induzidas por estes alcalóides. Nas células V79, harmano e harmina usados em diferentes doses, induziram um aumento nas freqüências de aberrações, embora eles não tenham mostrado um claro efeito dose-resposta. Estes resultados indicaram que os dois compostos são agentes clastogênicos fracos. No ensaio Cometa, estes alcalóides apresentaram os índices e as freqüências de danos sobre o DNA significativamente aumentados em relação ao controle, em presença e ausência de um sistema de ativação metabólica. Estes resultados reforçam aqueles obtidos com as células de S. cerevisiae de que o harmano e a harmina geram quebras de cadeias simples e duplas no DNA.