Resiliência em pacientes com transtorno mental grave : estudo de correlação com desfechos clínicos e qualidade de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Nunes, Katiúscia Gomes
Orientador(a): Rocha, Neusa Sica da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/188925
Resumo: Introdução: Resiliência refere-se à capacidade humana de recuperar-se após situações estressoras, retornando ou reagindo com um funcionamento normal. No contexto dos transtornos mentais graves, podemos adaptar esse conceito entendendo como o individuo lida e cria estratégias para as diversas mudanças devido a sua condição mental. O objetivo desse estudo foi avaliar a resiliência em pacientes com transtorno mental grave e correlacionar esses dados com medidas de desfecho clínico. Além disso, foi objetivo secundário comparar os níveis de resiliência entre os diagnósticos e correlacionar os níveis de resiliência com os escores de qualidade de vida. Método: A partir de uma amostra consecutiva de 384 pacientes internados na unidade de internação psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, foram avaliados 48h após sua admissão na internação e reavaliados 72h antes do momento de alta. Foram utilizadas as escalas de resiliência (RS), qualidade de vida (WHOQOL-BREF), sintomas psiquiátricos (BPRS-Brief Psychopathological Rating Scale), gravidade clínica (CGI-Clinical Global Impression), funcionalidade (GAF-General Assessment Funtionality), comorbidades clínicas (CIRS-Cumulative Illness Rating Scale) além de questionários para avaliar dados sociodemográficos. Resultados: O escore de resiliência se diferenciou entre os grupos (F2,257= 5,07; p= 0,007), sendo mais alto nos pacientes com transtorno de humor bipolar 139,1 (± 24,9), em seguida nos pacientes com esquizofrenia 130,9 (± 27,3). Por último, em pacientes com depressão maior, que foi 123,8 (± 30,6). Na correlação simples entre resiliência e os desfechos clínicos BPRS (p=0,131), GAF (p=0,550) e CGI (p=0,980) e CIRS (p=0,516) não houve associação significativa com nenhum dos desfechos. 9 A partir da regressão linear multivariada foi possível encontrarmos uma associação entre resiliência e pontuação na escala de sintomas psiquiátricos quando ajustados para tentativa de suicídio, tempo de hospitalização, QI, numero prévio de hospitalizações psiquiátricas, sexo, idade, nível educacional, estado civil, depressão maior, transtorno de humor bipolar, esquizofrenia, escala de funcionalidade (GAF), escala de gravidade clínica (CGI), escala de comorbidade clínica (CIRS) e a escala de sintomas psiquiátricos (BPRS) (BPRS; β= -0,308; p= 0,003). No domínio de aceitação de vida e de self da escala de resiliência houve forte associação com os diagnósticos de transtorno de humor bipolar (β= 0,207; p= 0,038) e esquizofrenia (β= 0,320; p= 0,003). No domínio de competência pessoal da mesma escala, houve associação negativa significativa entre tentativa de suicídio e resiliência (β= -0,019; p= 0,038). Houve uma associação positiva entre os domínios de resiliência e qualidade de vida (r= 0,406; p<0,001) e o domínio psicológico foi o que apresentou maior força de associação (r= 0,545; p<0,001). Conclusão: Os pacientes com diagnóstico de depressão maior foram os que apresentaram os escores mais baixos na escala de resiliência. Após a realização da regressão linear multivariada, existiu uma associação entre o escore total de resiliência e a pontuação de sintomas psiquiátricos da escala BPRS, sendo, que quanto mais altos os escores de resiliência, menores os escores da escala BPRS. Foi encontrada associação entre tentativa de suicídio e resiliência, sendo essa associação inversamente significativa com o domínio de competência pessoal da escala de resiliência, ou seja, quanto maior a percepção de competência pessoal, menor a pontuação de sintomas psiquiátricos e menor a quantidade de tentativas de suicídio. Além disso, para finalizar, foi encontrada uma associação positiva entre qualidade de vida e resiliência, e o domínio que apresentou maior força de associação foi o psicológico.