Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Escher, Fabiano |
Orientador(a): |
Schneider, Sergio |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/164710
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Resumo: |
Depois da eclosão da crise financeira de 2008, fatos recentes da economia política internacio-nal parecem revelar a possibilidade de estar-se assistindo a gestação de uma nova ordem mun-dial, em que alguns países – em especial os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) – vão gradualmente deixando para trás a sua condição periférica e começam a jogar um papel relevante na dinâmica do capitalismo globalizado. A ascensão da China ao status de grande potência traz enormes impactos e repercussões ainda desconhecidas sobre a ordem econômica e política contemporânea. E frente a sua trajetória nos últimos anos, o Brasil tem sido visto como uma potência emergente. No entanto, ainda são escassas as pesquisas na área de agricultura, alimentação e desenvolvimento rural nos BRICS. E particularmente no Brasil não se sabe quase nada sobre esta temática na China. Com o objetivo geral de analisar com-parativamente as “dinâmicas de desenvolvimento rural” emergentes no Brasil e na China mediante as distintas formas de inserção dos seus “sistemas agroalimentares” no “regime ali-mentar internacional”, este trabalho visa preencher parte dessa lacuna. A investigação é inspi-rada na tese da “grande transformação” de Karl Polanyi, sobre a ascensão e queda da “civili-zação liberal novecentista” organizada em torno de um sistema de mercados autorregulado. Estaríamos vivendo algo análogo na época atual, com reflexos na agricultura e na alimen-tação. Neste sentido, é fundamental a noção de “duplo movimento” do autor. De um lado, um movimento hegemônico, representado pela liberalização dos mercados agrícolas nacionais e a globalização dos sistemas agroalimentares sob o comando das grandes corporações transna-cionais do agronegócio, da indústria de alimentos e das grandes redes varejistas. De outro lado, um movimento contra-hegemônico, representado pelas novas dinâmicas desenvolvimen-to rural emergentes, envolvendo o realinhamento da agricultura na natureza e na sociedade para criar novas bases para a produção, distribuição e consumo de alimentos, enquanto uma expressão de resistência, resiliência e autonomia dos camponeses e agricultores familiares. A hipótese de pesquisa é que as novas dinâmicas de desenvolvimento rural emergentes na China e no Brasil são parte de um “contramovimento”. Elas emergem simultaneamente, numa mes-ma época histórica e em realidades tão distintas, porque representam respostas à questão agro-alimentar num contexto de crise da globalização neoliberal. Metodologicamente, o trabalho é caracterizado como uma “análise institucional comparativa”. Trata-se de um estudo de grande amplitude temática, teórica e histórica, que através da combinação da análise institucional e do método comparativo busca compreender os contextos, os mecanismos e os resultados des-tes fenômenos. Entre as principais conclusões da tese, destacam-se três. Em primeiro lugar, as trajetórias recentes da China e do Brasil estão relacionadas a uma série de mudanças institu-cionais que implicaram na reconfiguração das suas estruturas de classe, trazendo alterações nas correlações de forças entre os projetos políticos que disputam os destinos de cada país e possíveis desdobramentos na construção de uma nova ordem econômica e política mundial. Em segundo lugar, a formação do “complexo soja-carnes” Brasil-China encapsula de várias maneiras as mudanças em curso nos seus sistemas agroalimentares e é emblemática de um processo mais amplo de reestruturação policêntrica da dinâmica do regime alimentar inter-nacional; mas também gera contestações, ligadas, sobretudo, aos crescentes escândalos alimentares na China e ao uso abusivo de agrotóxicos no Brasil. E em terceiro lugar, as dinâ-micas de desenvolvimento rural têm propiciado novos circuitos de reprodução da agricultura e de oferta e demanda de alimentos, envolvendo as práticas técnico-produtivas e organizacio-nais de agricultores familiares e camponeses, os interesses formulados como ideias pelos intelectuais e adotados como políticas públicas pelo estado e os processos de luta política e construção de “novos mercados imersos” conectando produção e consumo de alimentos. |