Satisfação das mulheres com a amamentação no primeiro mês pós-parto : fatores associados e validação de instrumento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Senna, Andrea Francis Kroll de
Orientador(a): Giugliani, Elsa Regina Justo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202540
Resumo: Introdução: O sucesso no aleitamento materno tem sido medido, basicamente, pela sua duração, desconsiderando a satisfação da mulher e da criança com a amamentação. Esse aspecto é muito importante, podendo impactar, inclusive, na duração dessa prática. Entretanto, são raros os estudos dedicados à pesquisa do grau de satisfação das mulheres com a amamentação, sobretudo no Brasil, e pouco se sabe sobre os seus determinantes. Atualmente, existe disponível na literatura apenas um instrumento para avaliar a percepção materna de sucesso na amamentação, o Maternal Breastfeeding Evaluation Scale (MBFES), proposto em 1994 por autoras norte-americanas. O instrumento foi publicado em inglês e validado nos Estados Unidos, sendo também utilizado em outros países de língua inglesa. Foi também traduzido e validado em outros países, mas não no Brasil. Objetivos: (1) validar o instrumento MBFES para a população brasileira; (2) medir o grau de satisfação das mulheres com a amamentação no primeiro mês de vida de seus filhos em uma população brasileira; e (3) identificar os fatores associados à satisfação dessas mulheres com a amamentação nesse período. População e Métodos: Foi realizado estudo transversal aninhado a uma coorte envolvendo 287 duplas mãe-bebê recrutadas em duas maternidades de Porto Alegre, RS, uma pública e outra privada, entre janeiro e julho de 2016. Foram incluídas aleatoriamente mulheres residentes no município de Porto Alegre que tiveram recém-nascidos vivos, não gemelares, com idade gestacional maior ou igual a 37 semanas e que tivessem iniciado a amamentação. Não foram incluídas as residentes em áreas com alto índice de violência. Na semana seguinte à criança completar 30 dias, as mulheres foram entrevistadas em seus domicílios ou outro local de sua preferência, sendo aplicado um questionário estruturado para obtenção de informações sobre características sociodemográficas, saúde da mulher, última gestação e atenção pré-natal, ao parto e no pós-parto, além de algumas informações sobre o primeiro mês de vida da criança. Para o processo de validação do instrumento foi realizada análise fatorial com rotação varimax. Para a validação de constructo, quatro hipóteses foram testadas pelo teste T não pareado. A análise de confiabilidade foi realizada utilizando o coeficiente alfa de Cronbach. A satisfação da mulher com a amamentação foi medida pelo MBFES. As associações entre satisfação da mulher com a amamentação e as diversas variáveis explanatórias avaliadas foram estimadas pela regressão multivariável de Poisson com variância robusta em abordagem hierarquizada com quatro níveis. O grau de satisfação da mulher foi categorizado tendo como ponto de corte a mediana da pontuação obtida no MBFES. As mulheres com pontuação igual ou acima da mediana foram consideradas as de maior satisfação e as com pontuação abaixo da mediana, as com menor satisfação. Resultados: Quanto à validação do instrumento de medição do grau de satisfação da mulher com a amamentação, os resultados da análise fatorial exploratória identificaram a necessidade de exclusão de um item e a reformulação das subescalas. A validação de constructo mostrou que todas as hipóteses propostas foram confirmadas: as mulheres que estavam amamentando, as que estavam em amamentação exclusiva, as que não apresentavam problemas relacionados à amamentação e aquelas com intenção de amamentar por pelo menos 12 meses apresentaram valores médios significativamente superiores na escala. O instrumento na sua íntegra apresentou consistência interna adequada (alfa de Cronbach = 0,88; IC 95%: 0,86-0,90), assim como as subescalas prazer e realização do papel materno (0,92; IC95%: 0,91-0,93), crescimento, desenvolvimento e satisfação infantil (0,70; IC 95%: 0,65-0,75) e aspectos físico, social e emocional materno (0,75; IC 95%: 0,70-0,79). A satisfação da mulher com a amamentação no primeiro mês pós-parto foi alta, pois a mediana da pontuação obtida no MBFES (124 pontos) se aproximou do escore máximo (145 pontos). A prevalência de maior satisfação com a amamentação, ou seja, de ter uma pontuação igual ou maior que a mediana, foi maior entre as mulheres pardas e pretas (razão de prevalência [RP] 1,33; IC 95%: 1,05- 1,69), as que moravam com o pai do bebê (RP=1,75; IC 95%: 1,05-2,94), as que tinham intenção de amamentar por 12 meses ou mais (RP=1,48; IC 95%: 1,02-2,17) e as que não relataram problemas com pouca produção de leite (RP=1,47; IC 95%: 1,03-2,10) ou fissura mamilar (RP=1,29; IC 95%: 1,01-1,65). Conclusões: Conclui-se que (1) o MBFES, após a exclusão de um item e a reformulação das subescalas, mostrou ser um instrumento válido e confiável para ser aplicado à população brasileira; (2) o grau de satisfação das mulheres com a amamentação na população estudada foi alto; e (3) os fatores associados à satisfação dessas mulheres com a amamentação incluem fatores individuais e expectativas da mulher, constituição familiar e problemas relacionados com a amamentação.