Mecanismos homeostáticos e hedonistas do comportamento alimentar em fibromiálgicas e controles saudáveis e sua associação com biomarcadores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Elkfury, Jéssica Lorenzzi
Orientador(a): Caumo, Wolnei
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/179005
Resumo: Introdução: Fibromialgia (FM) é uma síndrome dolorosa musculoesquelética, caracterizada por dor difusa e migratória. Sabe-se que há um desbalanceamento nas vias de processamento da dor, com redução da inibição e aumento da excitabilidade cortical, tendo como fator chave o fenômeno de sensibilização central, associado à diminuição da potência da via inibitória descendente da dor. Somam-se ao quadro, sintomas clínicos como fadiga, sono não reparador e sintomas depressivos. Ainda, a FM concorre com elevada prevalência de obesidade e está relacionada ao pior prognóstico da doença. De fato, evidências recentes demonstram possíveis vias fisiopatológicas compartilhadas por estas duas patologias. No entanto, os estudos focam-se majoritariamente nas diferenças da composição dietética, nos níveis de atividade física, nas alterações do sono ou na relação entre sintomas depressivos e ansiosos para justificar esta correlação. Objetivo: Comparar domínios de comportamento alimentar (restrição cognitiva, descontrole alimentar, alimentação emocional, preocupação alimentar, peso e forma corporal e restrição alimentar, fome, sensação de fome, saciedade e apetite) na FM, em relação a controles saudáveis, pareados por idade e circunferência da cintura (CC). Explorar a relação destas medidas com biomarcadores, como leptina, Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF) e proteína S100B. Método: Estudo explanatório; A amostra foi composta por 39 mulheres, sendo 20 fibromiálgicas e 19 controles saudáveis, pareadas por idade e CC. Foram coletados dados demográficos e clínicos para caracterização da amostra; O comportamento alimentar foi avaliado pelos questionários Eating Disorder Examinnation – Questionnaire (EDE-Q) e Three Factor Eating Questionnaire (TFEQ-21) e por meio de escalas numéricas visuais (EN) de fome, sensação de fome e saciedade. Níveis séricos de BDNF, S100B e leptina foram avaliados, como marcadores periféricos. 8 Resultados: Pacientes com FM apresentaram maiores níveis de Alimentação Emocional [(46.0 (± 29.5) vs. 31.9 (± 25.6); p= 0.016)], preocupação alimentar [(0.9 (± 1.2) vs. 0.2 (± 0.3); p= 0.044)], preocupações com a forma corporal [(2.8 (± 1.7) vs. 1.2 (± 0.8); p= <0.001)] e com o peso [(1.9 (± 1.8) vs. 0.9 (± 0.8); p= 0.007)], quando comparados com indivíduos saudáveis por análise multivariada, corrigida para sintomas depressivos e níveis séricos de leptina. Além disso, o grupo de FM apresentou maior sensação de fome e menor sensação de saciedade, respectivamente: [(5.2 (± 2.9) vs. 4.8 (± 2.0); p= 0.042)] e [(7.0 (± 1.7) vs. 8.3 (± 1.0); p= 0.038)]. Em comparação a controles saudáveis, as pacientes com FM apresentaram níveis mais elevados de BDNF (27.5 (± 4.1) vs. 23.7 (± 6.2); p= 0.029) e S100B (36.0 (± 14.6) vs. 28.4 (± 5.8); p= 0.042), sendo que apenas neste grupo os níveis de BDNF foram negativamente associados aos escores de fome e observou-se uma associação positiva entre os nóveis de S100B e escores de fome. Conclusão: Neste estudo foi evidenciado que, em comparação a controles saudáveis, os pacientes com FM apresentaram comportamento alimentar disfuncional associado à hiperativação de vias hedonistas e à alimentação emocional. No entanto, estudos adicionais são necessários para compreender as redes neurais envolvidas neste comportamento alimentar disfuncional.