Impróprios para a história : rebelião, tempo e antinegritude em Ferguson (2014-)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pereira, Allan Kardec da Silva
Orientador(a): Avila, Arthur Lima de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/255270
Resumo: Em 9 de agosto de 2014, na pequena cidade de Ferguson, no estado do Missouri, Estados Unidos, um jovem negro de 18 anos chamado Michael Brown foi assassinado por um policial local de nome Darren Wilson. Seu corpo ficou exposto para sua comunidade por mais de 4 horas no escaldante chão daquele verão. Já nesse momento, se deu uma repressão brutal da polícia contra as pessoas que tentavam congregar sua revolta pelo acontecido. Gritos e canções foram ecoados em um desafio frontal à brutalidade da sujeição. Protestos intensos duraram até o mês de dezembro daquele ano, quando a mensagem radical dos manifestantes migrou para outras pessoas igualmente revoltadas pela violência policial antinegra e sua lógica carcerária. A percepção de que os episódios de Ferguson marcavam uma falência do discurso pós-racial que defendia o "declínio da importância da raça" fez com que o embate entre "vandalismo/anarquia/radicalidade" x "respeitabilidade/reformismo" fosse repensado na cultura política negra. Frente a isso, inicialmente, Impróprios para a História reverbera as vozes que cantavam em revolta nos primeiros dias de Ferguson, situa os passos e os conflitos internos daqueles que recusavam o chamado à ordem das forças policiais. Em seguida, define o pós-racial e aponta como os grupos rebeldes combatiam também essa percepção do tempo. Após esses movimentos, reflete-se como o ordenamento geográfico de Ferguson racializava e limitava as possibilidades de vida de sua população negra em um processo de exclusão social de longa data. Essa condenação da negritude, em sua lógica carcerária, afetava pessoas como Michael Brown antes mesmo que ele fosse morto pelo policial Darren Wilson. Em seus últimos momentos, Impróprios para a História explica como, na esteira das manifestações e das construções políticas desenvolvidas nos anos seguintes em Ferguson, o abolicionismo prisional tem pautado os projetos de futuro possíveis para muitos ativistas em luta contra a antinegritude fundante dos Estados Unidos. Realizo esse caminho em um íntimo diálogo com um conjunto de autores negros, tentando aliar indisciplinaridade e radicalidade na escrita da história.