A Emoção na reportagem de televisão : as qualidades estéticas e a organização do enquadramento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gadret, Débora Thayane de Oliveira Lapa
Orientador(a): Benetti, Márcia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/143019
Resumo: Esta tese investiga como a emoção constitui o discurso jornalístico. A partir da premissa de que a emoção desempenha vários papéis na tomada de decisão dos sujeitos, a pesquisa se insere em um novo paradigma dentro dos estudos em jornalismo: aquele que entende a emoção como um conceito com valor epistemológico, pois a compreende como parte intrínseca da atividade jornalística e de seus discursos. O telejornalismo, em especial a reportagem de TV, é objeto desta investigação, devido às características da televisão como uma tecnologia de intimidade, com qualidades estéticas que convidam o telespectador a sentir. A tese parte da seguinte hipótese: a construção discursiva da reportagem de TV está ancorada nas qualidades estéticas da televisão, que acionam a emoção como eixo de produção de sentidos; nesse processo, a emoção organiza o enquadramento da reportagem por meio da articulação de uma avaliação moral. A metodologia utilizada é a Análise de Discurso, e o corpus é constituído por 18 reportagens do Jornal Nacional, o telejornal brasileiro de referência. Considerou-­‐se cada uma das emoções universais (tristeza, raiva, surpresa, medo, aversão, desprezo e alegria) como uma formação discursiva, com sentidos mais ou menos estáveis. O objetivo principal é compreender como a emoção organiza a construção do enquadramento da reportagem de televisão. A análise comprova que as qualidades estéticas da reportagem acionam a emoção como eixo produtor de sentidos de duas formas: construindo emoções principais de forma explícita, que dominam a organização do enquadramento por meio da expressão de avaliações morais que parecem não levantar dissensos culturais; e propondo emoções de fundo de forma implícita, que sugerem sua inscrição em uma emoção apenas pela indicação de uma avaliação moral, de um gatilho ou tema vinculado àquela formação discursiva. Sobre as funções das qualidades estéticas, a análise demonstra: a) sobre sujeitos e suas performances: a performance dos apresentadores pode introduzir ou reforçar a emoção principal de uma reportagem, ou pode indicar ou pontuar a emoção de fundo; a performance dos repórteres mostra ou promove a emoção principal; e a performance das fontes encarna a emoção principal; b) sobre a dimensão audiovisual: os planos e a edição de imagem são capazes de evidenciar a emoção principal, ou de propor ou autenticar uma emoção; os efeitos visuais podem autenticar uma emoção; e o som pode potencializar a emoção principal; c) sobre a dimensão verbal: quando associada aos sujeitos, a enunciação dos repórteres e apresentadores pode contextualizar a emoção principal ou sugerir uma emoção de fundo, e a enunciação das fontes pode contextualizar ou ser o alvo de uma emoção; quando associada às imagens, o texto pode narrar, apontar ou contextualizar uma emoção. Finalmente, a partir da análise do enquadramento – através da definição do problema, da interpretação causal, da avaliação moral e da recomendação de tratamento construídos no discurso da reportagem –, conclui-­‐se que, de forma explícita ou implícita, o enquadramento depende da emoção como eixo de produção de sentidos para conformar-­‐se. É ao articular a avaliação moral que a emoção organiza o frame, o que comprova a hipótese inicial. Esse processo depende dos temas e gatilhos da emoção, de mapas culturais supostamente compartilhados e de saberes de crença supostamente consensuais. A tese está disposta em dois volumes. O primeiro contém a tese propriamente dita. O segundo traz um apêndice com a decupagem das reportagens.