Avaliação do impacto das herniorrafias incisionais na qualidade de vida dos pacientes operados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Martins, Eduardo Ferreira
Orientador(a): Cavazzola, Leandro Totti
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/276649
Resumo: Introdução: Uma das complicações mais comuns das cirurgias abdominais abertas são as hérnias incisionais. O reparo cirúrgico destas hérnias é o tratamento padrão na maioria dos casos; entretanto, muitas questões acerca da técnica cirúrgica, bem como das complicações relacionadas ao reparo ainda são debatidas. Tradicionalmente, os estudos avaliam desfechos clássicos, como infecção de ferida operatória, recidiva, dor crônica. Mais recentemente, no entanto, alguns autores têm avaliado o impacto da correção cirúrgica e das complicações pós-operatórias na qualidade de vida dos pacientes a longo prazo. Objetivos: avaliar o impacto das complicações de ferida operatória nos primeiros 30 dias pós-operatórios, na qualidade de vida dos pacientes a longo prazo. Como objetivo secundário também será avaliado o impacto da técnica cirúrgica escolhida e das comorbidades pré-operatórias na qualidade de vida dos pacientes. Método: estudo de coorte prospectivo de 115 pacientes submetidos à hernioplastia incisional entre os anos de 2019 e 2020, pelas técnicas onlay e retromuscular. Estes pacientes foram avaliados inicialmente com relação a desfechos de ferida operatória nos primeiros 30 dias pós-operatórios (surgical site infection (SSI) ou surgical site occurrence (SSO)). Após três anos, avaliou-se a qualidade de vida destes pacientes com um questionário específico, o Hernia Related Quality of Life Survey (HerQLes). Foram excluídos das análises os pacientes os quais não se obteve o contato telefônico ou em consulta, pacientes que se recusaram a preencher os questionários e pacientes que foram à óbito no período do estudo. Resultados: ao todo, foram avaliados 80 pacientes. Destes, 11 pacientes (13,8%) apresentaram infecção de ferida operatória (SSI) nos primeiros 30 dias pós-operatórios e 11 37 (46,3%) apresentaram algum tipo de ocorrência de ferida operatória (SSO), como seroma, infecção, deiscência cutânea ou recidiva precoce. Não se identificou impacto dos desfechos de ferida operatória nos índices de qualidade de vida. Ao analisarmos as variáveis relacionadas às comorbidades dos pacientes e aos fatores envolvidos com a cirurgia, observamos que o Índice de Massa Corporal (IMC) apresentou impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes - a cada 1 ponto de IMC, estima-se uma piora de cerca de 4% na pontuação do questionário HerQLes (p<0,01). Da mesma forma, identificou-se o tamanho da hérnia e o tamanho de tela como variáveis relacionadas a um pior desfecho de qualidade de vida. Não se observou diferença com relação às técnicas cirúrgicas utilizadas (onlay e sublay) no que se refere aos escores de qualidade de vida. Conclusão: apesar de todas as consequências que as ocorrências de ferida operatória possam trazer no pós-operatório, não se observou um impacto na qualidade de vida dos pacientes a longo prazo. Da mesma forma, o tipo de técnica cirúrgica utilizada também não influenciou de maneira significativa no escore de qualidade de vida avaliado. Entretanto, tanto o IMC, quanto os tamanhos de hérnia e da tela demonstraram uma relação inversamente proporcional com os índices de qualidade de vida, reforçando, portanto, a necessidade de uma avaliação e preparação pré-operatórias bem conduzidas especialmente nos pacientes com estas características.