As capacidades da alma e a Acrasia em Aristóteles

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Oliveira, Filipe Klein de
Orientador(a): Zanuzzi, Inara
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/184681
Resumo: No capítulo 3 do livro VII da Ética Nicomaquéia, Aristóteles explica a acrasia atribuindo ao acrático um erro cognitivo que consiste na não atualização da premissa particular do silogismo prático. A premissa particular do silogismo prático está vinculada à percepção sensível. Mas o que Aristóteles tem em mente ao fazer referência à percepção sensível? Ele deve ter em mente outra capacidade além dos cinco sentidos, ele deve ter em mente também a phantasia. Isto fica claro a partir do método utilizado para tratar das faculdades da alma. Segundo o método em questão, as faculdades da alma devem ser investigadas de acordo com a sua atividade própria e, antes disto, de acordo com o seu objeto correlato. Este método parece adequado para individualizar os cinco sentidos. As cores servem para individualizar a visão, os sons, a audição, os odores, o olfato, etc... Este método, contudo, tem as suas limitações, não é apenas quando sou estimulado por objetos externos que eu faço uso dos sentidos, é possível pensar em cores de olhos fechados, por exemplo. O objeto, portanto, não é o bastante para definir cada sentido, é necessário fazer referência à experiência que temos ao utilizar os sentidos. Esta experiência mental que está envolvida no uso dos sentidos corresponde a atividade da phantasia. A minha posição fica mais clara ainda a partir da discussão entre literalistas e espiritualistas. Essas duas tendências interpretativas compreendem a afirmação de Aristóteles segundo a qual perceber é receber a forma sensível sem a matéria de formas distintas. Segundo o espiritualismo, receber a forma sensível sem a matéria significa alterar-se formalmente sem sofrer alteração material, isto é, perceber a cor branca, por exemplo, sem ser branqueado. Enquanto que, para o literalista, receber a forma sensível sem a matéria significa receber a forma sensível por transmissão. Temos assim uma fisiologia da percepção. O princípio da transmissão, contudo, não pode esgotar a explicação da percepção, é necessário pressupor um princípio formal irredutível que é a consciência sensível. A consciência sensível, por sua vez, é a phantasia. Uma evidência de que a phantasia é a consciência para Aristóteles é o fato de ela estar envolvida em todas as capacidades da alma que envolvem consciência: as capacidades sensíveis, a capacidade de desejar e de inteligir. É impossível tratar a percepção sem fazer referência à phantasia. Isto tudo que foi dito é vantajoso para análise da acrasia, uma vez que Aristóteles atribui duas características à phantasia. A phantasia depende da nossa vontade e pode ser influenciada pelos nossos desejos e emoções. Sendo assim, é possível encontrar uma espécie de conflito moral no caso da falha cognitiva de EN 7.3.