Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Ferreira Neto, Nerval Paes |
Orientador(a): |
Massoni, Neusa Teresinha |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/278723
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Resumo: |
Esta investigação teve por objetivo apresentar um panorama, desde o ponto de vista de dois professores, sobre a implementação de dois documentos normativos recentes, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Lei 13.415/2017, homologados em 2017, que visam uma reforma do ensino em todo o território nacional. O estudo buscou compreender a perspectiva de dois professores de Física do Ensino Médio, um de uma escola pública de Porto Alegre e outro de uma escola particular da região metropolitana sobre esse processo de implantação. Buscamos captar suas impressões, expectativas, práticas, sentimentos, dúvidas, resistências e, em alguma medida, comparar esses achados com a literatura existente sobre o tema. Para alcançar esse objetivo, utilizamos a metodologia qualitativa na modalidade estudos de caso, e como ferramenta analítica usamos a análise de conteúdo das falas desses profissionais, nos moldes de Laurence Bardin. Como suporte teórico, escolhemos nos respaldarmos nas ideias de Michel de Certeau, especialmente as expressas em sua obra “A Invenção do Cotidiano”. Certeau discute as astúcias e modos de fazer das pessoas comuns como formas de resistência às imposições dos poderes constituídos. Aplicada à educação, essa perspectiva coloca o professor como oprimido por estratégias governamentais e empresariais, que visam transformar a educação pública, que em nosso país deveria formar cidadãos críticos e pensantes, em uma formação de indivíduos habilitados com conhecimentos técnicos especializados para atender ao mercado de trabalho, deixando de lado a formação humana integral. Acompanhamos os professores em seu espaço escolar e os entrevistamos, com entrevistas abertas, favorecendo a escuta. Nossas análises apontam que que a BNCC e a Lei do novo Ensino Médio trazem para os professores de Física atuantes muitas incertezas, reduzem a carga horária da disciplina de sua formação, acrescentam novas disciplinas, das quais eles não têm familiaridade e lhes faltam conhecimentos e formação continuada, os levando a improvisações, bricolagens, modos próprios de enfrentar essas novas situações que, como Certeau nos ensina, muitas vezes ficam ocultas, invisíveis, obscurecidas pelo rumor do dia a dia escolar. Além disso, os normativos, do ponto de vista de nossos sujeitos de pesquisa, não atendem às necessidades dos alunos, aumentam as responsabilidades dos professores, sobrecarregam-nos com tarefas burocráticas e geram um sentimento de culpa por não terem tempo de introduzir os conteúdos de Física entendidos como básicos e fundamentais para uma formação científica consistente. Percebemos que a escola privada também é alcançada pela BNCC, gerando competitividade entre professores na tentativa de apresentar novas disciplinas e aderir alunos, e, no limite, leva à desmotivação ao ofício de professor. De maneira geral, embora a Base Nacional possa suscitar um sentido de nação e coesão, sua implementação atrapalha a educação, fomenta a desigualdade, desvaloriza o trabalho dos professores e reduz o sentido da educação, como direito social, a substituindo por “direitos de aprendizagem essenciais”. |