Impacto do aleitamento materno em crianças com fibrose cística, em um centro de referência, no Sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Schroder, Valquíria
Orientador(a): Marostica, Paulo José Cauduro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/276522
Resumo: Introdução: A fibrose cística (FC) é uma doença genética autossômica recessiva, crônica e progressiva, que atinge cerca de 105 mil pessoas no mundo todo, atualmente. É caracterizada por manifestações pulmonares, má absorção devido a insuficiência pancreática exócrina podendo evoluir com desnutrição, doença hepática (cirrose biliar) e diabetes melito relacionado à FC (DRFC). Um dos principais objetivos do tratamento para os pacientes fibrocísticos é a obtenção de um estado nutricional adequado, já que a desnutrição está relacionada a um maior declínio da função pulmonar ao longo da vida, a qual ocorre em associação a outras comorbidades, como a colonização por Pseudomonas aeruginosa (PA). Atualmente recomenda-se que, nos primeiros seis meses de vida, seja priorizado o aleitamento materno exclusivo, como fonte de alimentação. Sabe-se que ele tem benefícios comprovados nos lactentes com FC, não ocasionando prejuízo ao estado nutricional e proporcionando efeito protetor contra bactérias patogênicas, como a PA. Objetivos: Avaliar se o aleitamento materno possui efeito protetor nos pacientes com FC, auxiliando na redução de infecções e/ou colonizações por PA e/ou fazendo com que a primeira infecção por PA ocorra mais tardiamente na vida do paciente e comparar crianças com FC amamentadas com não amamentadas nas idades 6 e 12 meses, de 3 e 6 anos em relação ao estado nutricional e à função pulmonar. Método: Um total de 44 pacientes com diagnóstico de FC em acompanhamento no ambulatório de pneumologia infantil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), com idade de, pelo menos, 6 anos, sem histórico de íleo meconial com ressecção intestinal, foram incluídos. Foram preenchidos instrumentos de coleta de dados a partir de revisão de prontuários eletrônicos. Esse estudo foi aprovado pelo comitê local de ética em pesquisa. Resultados: Quarenta e quatro pacientes foram incluídos no estudo. Foi observado que pacientes não amamentados foram colonizados mais precocemente em relação aos amamentados (p=0.034). A mediana de idade na primeira colonização foi de 8 meses (95%CI: 4.05 - 11.95) para pacientes não amamentados, enquanto que para pacientes amamentados, a mediana de tempo foi de 18 meses (95%CI: 4.20 - 31 ,80). Os pacientes que foram exclusivamente amamentados por 4 meses tiveram uma mediana de 18 meses (95%CI 0 - 50.3), já os não amamentados, tiveram uma idade mediana de 12 meses (95%CI 4.93 - 19.03) para a primeira colonização por PA. Os pacientes colonizados por PA aos três anos apresentaram mediana de tempo de aleitamento materno significativamente menor quando comparado aos pacientes não colonizados, sendo, respectivamente, 3 (IC95% 0 -5 meses) e 9 meses (IC95% 2 – 18), p=0.028. Ao comparar os pacientes amamentados e não amamentados em relação aos indicadores antropométricos e de função pulmonar, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Conclusão: o aleitamento materno possui efeito protetor nos pacientes com FC, especificamente em relação à infecção por PA e não causa desnutrição nos pacientes, sendo, portanto, uma fonte de alimento benéfica, que deve ser estimulada já a partir do diagnóstico em lactentes.