Fazendas d’água : uma etnografia da aquicultura a partir do sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Vargas, Elisa Oberst
Orientador(a): Segata, Jean
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/277370
Resumo: Este trabalho é resultado da pesquisa de doutorado que teve duração de quatro anos (2019 – 2023) no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Essa pesquisa foi baseada numa etnografia multiespécies, tendo como foco as três espécies exóticas cultivadas no Sul do Brasil a partir da atividade de aquicultura (dois peixes e um molusco): carpas no Rio Grande do Sul, ostras em Santa Catarina e tilápias no Paraná. De maneira a contar a história sobre as fazendas d’água no Sul do país, traço um panorama histórico da atividade, incluindo as alterações legislativas que conformaram a atividade, de maneira a compreender melhor o movimento recente que passou a descolar pesca e aquicultura, e aproximar aquicultura e demais cadeias de produção animal terrestre. A partir desse descolamento, a aquicultura começa a ser inscrita como uma cadeia emergente de produção animal e um ramo em ascensão no agronegócio brasileiro. Atualmente a aquicultura passa por um momento de reconfiguração importante, que implica na intensificação e industrialização da produção, o que pode ser observado a partir da descrição destas diferentes espécies exóticas, do menos intensificado e industrializado – carpas – até o mais, agenciando a tilápia enquanto a principal commodity da aquicultura brasileira. Parte do crescimento da aquicultura brasileira advém da incorporação do pescado às indústrias de grãos e outros animais terrestres; além da aliança com as usinas hidrelétricas e da obtenção de licenças para uso de águas da União para fins de aquicultura, junto à conformação dos oceanos em territórios voltados para o cultivo de animais e outros organismos aquáticos. Por conta disso, a aquicultura também pode ser pensada enquanto uma infraestrutura de governança da água em diferentes ambientes aquáticos, seja de águas continentais, ou oceânicas, assim como um dispositivo de domesticação de animais e água. Assim, a história da aquicultura no sul do Brasil é baseada em sonhos de progresso, modernidade e sustentabilidade em meio às diversas alterações ambientais que são afetadas por - ao mesmo tempo em que também produzem - ecologias do Antropoceno.