Atividade de trabalho docente na educação profissional entre normas e renormalizações : o estágio supervisionado e a formação de técnicos em enfermagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Losekann, Maristela Vargas
Orientador(a): Fischer, Maria Clara Bueno
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/183217
Resumo: Nesta tese de doutorado, situada na área Trabalho e Educação e suas relações com a Saúde, concentrei as minhas reflexões na problemática da atividade docente, mais especificamente na atividade de trabalho da enfermeira que atua como professora supervisora do estágio curricular supervisionado na Educação Profissional. É atribuição dessa docente planejar, acompanhar e avaliar o desempenho do discente de acordo com o plano de ensino da disciplina, bem como se responsabilizar tecnicamente pela atuação deste no estágio. A investigação se deu no curso Técnico em Enfermagem, sendo que analisei como as renormalizações produzidas pelos técnicos em enfermagem, que se manifestam durante os momentos de prática de estágio, são tratadas pelas enfermeiras docentes. Para isso, me apoiei na abordagem ergológica do trabalho e nas contribuições sobre norma de Canguilhem, que muito influenciou a ergologia. O percurso metodológico foi dividido em quatro etapas, que foram: 1º) análise documental das bases para a Educação Profissional técnica de nível médio no Brasil, documentos que constituíram a escola e relatos de gestoras que participaram da criação e da implantação do curso na escola pesquisada; 2º) realização de entrevistas com nove enfermeiras docentes que atuam ou já atuaram como supervisoras de estágio; 3º) observação da atividade de trabalho de enfermeiras supervisoras no campo de estágio com o grupo de estudantes sob sua responsabilidade e 4º) participação e observação das reuniões docentes, encontros mensais que já fazem parte do trabaho dessas profissionais. Os dados das etapas de observação foram registrados em diário de campo e juntamente com documentos e narrativas das entrevistas foram submetidos à análise de conteúdo (BARDIN, 2010) em diálogo permentente com a abordagem ergológica do trabalho, sendo que para proceder a análise global do material empírico foi preciso utilizar a técnica da triangulação. Para isso, foram agrupados em categorias construídas a partir - em diálogo - com os conceitos centrais da pesquisa e do arcabouço teórico em que se apoia a pesquisa: atividade de trabalho docente, educação profissional, trabalho e educação na educação profissional, práticas profissionais, estágios curriculares supervisionados de enfermagem, experiência e atividade de trabalho da enfermeira docente. Após a análise foi possível identificar que as supervisoras ao se aproximarem do trabalho da enfermagem, se deparam com um fazer que, mesmo tendo por base um conhecimento científico, acaba não sendo reconhecido por elas por ser diferente do que está posto nos manuais e do que foi apresentado previamente aos discentes. No entanto, o fazer dessas docentes durante o estágio também se mostra renormalizado em algumas situações, mas elas não reconhecem a “renormalização” do outro. E como não o reconhecem, não permitem que os discentes o utilizem e nem o incluem no debate – elas excluem esse modo de fazer da formação. Essa negação do trabalho renormalizado apresentado pelos técnicos em enfermagem no campo de práticas acontece de várias formas na formação profissional. Observei que muitas docentes se utilizam de estratégias para garantir a realização do trabalho prescrito no campo de práticas colocando-o como única possibilidade. Uma dessas estratégias é excluir os trabalhadores técnicos em enfermagem do processo de ensino aprendizagem. As docentes, dessa forma, ao ignorarem o saber legítimo do técnico em enfermagem sobre o seu fazer e o seu potencial em implicar-se com o processo educativo do estudante, negam o potencial criador desses profissionais e refutam o trabalho real como parte essencial dessa etapa da formação.