As oportunidades para o desenvolvimento infantil e as relações entre qualidade de ambientes coletivos e cuidados não parentais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Müller, Alessandra Bombarda
Orientador(a): Valentini, Nadia Cristina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/150952
Resumo: O contexto sociocultural atual impõe o retorno precoce da mãe ao trabalho após o nascimento de seu filho, e o ingresso de bebês em creches nos dois primeiros anos de vida é bastante controverso. Um ambiente favorável que desenvolva as capacidades da criança e potencialize seu crescimento de forma adequada necessita investimentos, a fim de que se possa promover a saúde dessas crianças por meio de ambientes ricos em estímulos adequados e até mesmo compensatórios. Objetivos: (1) avaliar o desempenho motor, cognitivo e da linguagem de bebês entre 06 e 18 meses que frequentam creches; (2) verificar a concordância entre dois instrumentos concorrentes para a avaliação do desempenho motor amplo de bebês; (3) investigar a validade de critério, conteúdo e constructo e fidedignidade da escala AHEMD-IS versão 3-18 meses para uso no contexto da creche; (4) associar o conhecimento de professores e assistentes sobre o desenvolvimento infantil às práticas de cuidado adotadas e às habilidades avaliadas na faixa etária acompanhada. Método: Estudo observacional, transversal. O desenvolvimento infantil foi avaliado utilizando-se a Bayley Scales of Infant and Toddler Development 3rd ed (BSITD-III) e a Alberta Infant Motor Scale (AIMS). A qualidade do ambiente foi verificada utilizando-se a Affordances in the Home Environment for Motor Development Infant Scale (AHEMD-IS) adaptada para uso no contexto da creche e a Daily Activities of Infant Scale (DAIS). Os cuidados não-parentais foram mensurados por meio do Knowledge of Infant Development Inventory (KIDI). Estatísticas descritivas foram realizadas para a categorização da amostra. O coeficiente de correlação de Pearson e a análise entre métodos de Bland-Altman foram utilizados para verificar a concordância entre os instrumentos de avaliação do desempenho motor amplo. Análises das características diagnósticas do instrumento AIMS também foram realizadas. Foi conduzido um modelo de regressão linear múltipla multivariada utilizando-se equações estruturais para avaliar possíveis associações entre as variáveis dependentes desempenho motor, cognitivo e de linguagem e as variáveis independentes relacionadas à qualidade do ambiente e às práticas de cuidado. Resultados: Foram avaliadas 67 crianças (53,7% da amostra, n = 36 meninos), média de idade corrigida de 11,15 ± 2,9 meses, média de idade gestacional de 38,58±1,5 semanas e predomínio da classe socioeconômica B2 (46,5% da amostra, n = 31). A média das variáveis peso ao nascimento (p = 0,040) e escolaridade materna (p = 0,008) foi maior na rede privada de ensino. A média dos escores de desempenho motor (79,66 ± 12,9), cognitivo (88,66 ± 10,6) e de linguagem (78,15 ± 9,3) apresentou valores inferiores aos esperados nos domínios motor e de linguagem. Na rede privada, foi encontrada associação positiva e significativa entre desempenho motor e variedade de estimulação (β = 0,506, p = 0,002) e associações negativas e significativas entre desempenho motor e conhecimento do desenvolvimento infantil por professoras (β = - 0,586, p = ≤ 0,001) e assistentes (β = - 0,325, p = 0,011). Na rede pública, foi encontrada associação positiva e significativa entre motricidade e qualidade do ambiente (β = 0,405, p = 0,008). Foi encontrada associação muito forte entre as escalas utilizadas para a avaliação do desempenho motor amplo (r = 0,96, p ≤ 0,000). O método de Bland-Altman aponta concordância adequada entre os instrumentos na amostra. Assumindo o atraso a partir do ponto de corte inferior ao percentil 10, foram encontrados resultados excelentes de sensibilidade (S = 92%), especificidade (E = 100%), valor preditivo positivo (VPP = 100%), valor preditivo negativo (VPN = 98%) e acurácia geral do instrumento AIMS (Ac = 11,82). Os resultados da validação do instrumento AHEMD-IS indicam sua adequabilidade para uso no contexto da creche. Conclusão: Ambientes com adequada estrutura física, diversidade de materiais e profissionais capacitados são necessários, entretanto, é essencial a interação do cuidador com a criança. De forma indireta, ao avaliar o desempenho infantil e as relações que se estabelecem no contexto da creche, observou-se que o desenvolvimento da criança na creche parece estar mais dependente da qualidade das interações, das atividades e das experiências com a linguagem e com o corpo do que com os espaços e as condições estruturais. A presença de profissionais da área da saúde junto às crianças nos contextos educacionais pode contribuir para a promoção da saúde e do desenvolvimento pleno da população infantil.