Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2008 |
Autor(a) principal: |
Fernandes, Leticia Prezzi |
Orientador(a): |
Meyer, Dagmar Elisabeth Estermann |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/13495
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Resumo: |
Esta dissertação trata do modo como meninos e meninas em situação de rua vivem suas relações familiares e de como um serviço municipal específico para o atendimento deles e delas entende e ensina formas de viver e de se relacionar com a família. Utilizei os aportes dos Estudos de Gênero e Culturais em aproximação com o Pós-Estruturalismo e da Etnografia Pós-Moderna e, instrumentalizada por essas abordagens, observei as ações deste serviço em interação com seus usuários e usuárias para tentar problematizar e discutir esses pontos. Busco evidenciar como, neste espaço ou cultura, se vive, se exerce e se re-produz um determinado tipo de relação familiar. A dissertação não nega o fato de que devem ser oportunizados meios para que crianças e jovens que vivem em situação de rua possam ter outras condições de vida e nem nega que, na sua maioria, estas/es foram impelidos/as para as ruas pelas profundas desigualdades sociais existentes em nossa sociedade. Porém o que se pretende com esta pesquisa em particular não é produzir prescrições para tirá-los das ruas ou para mudar suas condições de vida a priori e, tampouco, de fazer uma avaliação stricto sensu dos programas e políticas desenvolvidos para esses fins. De outra perspectiva, considero que estes/as meninos e meninas constituem (fazem parte de) uma população com formas diferenciadas de se organizar e viver e que é preciso tentar entender suas maneiras de viver a família e de se relacionar com ela e como essas dialogam (ou não) com as concepções de família que direcionam o Serviço de Educação Social de Rua, atualmente Ação Rua, da Fundação de Assistência Social e Cidadania de Porto Alegre/RS. O trabalho de campo foi realizado dentro deste serviço, acompanhando a rotina de educadoras/es e assistentes sociais durante nove meses. Além disso, foram feitas entrevistas com estas/es funcionárias/os e com um dos meninos atendidos por ele. Este espaço foi considerado como uma instância pedagógica que, ao intervir no funcionamento familiar, ensina as crianças a viverem em família de determinadas formas. As unidades analíticas constituídas neste trabalho tensionam as proposições do programa examinado, quais sejam: a forma de organização familiar prevalente que está baseada em consangüinidade e é monoparental e matrifocal; o conflito que se estabelece entre o pressuposto de que a situação de rua significa violação dos direitos da criança e a consideração e problematização das possibilidades (de renda e trabalho) que a rua oferece frente à situação de pobreza e que, por isso, favorecem a sua permanência nessa condição. Assim, as análises permitem argumentar, a partir do material empírico produzido que: a situação de rua é considerada pela legislação e pela sociedade em geral como uma violação dos direitos das crianças, mas, ao mesmo tempo, ela não é vivenciada necessariamente por esses meninos e meninas dessa forma; família é um conceito escorregadio e que não é possível determinar um sentido fixo para essa noção, mas há, contudo, alguns sentidos como a consangüinidade, a necessidade de legalizar a relação e a matrifocalidade da família que são reiterados tanto pelos agentes do Serviço quanto pelos seus usuários; e, por último, que as relações estabelecidas no contexto familiar estão imbricadas com situações de cuidado, pobreza e instabilidade que, de alguma forma, demarcam uma vulnerabilidade que os produz e legitima como sujeitos a serem inscritos em programas e políticas sociais voltados para a família. |