Grupos de discussão de trabalho na educação infantil e na educação inclusiva : um espaço de reflexão e cuidado para educadoras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Sehn, Amanda Schöffel
Orientador(a): Lopes, Rita de Cassia Sobreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/221705
Resumo: O cuidado de bebês e crianças pequenas, inclusive daquelas com deficiência, que outrora ficava sob responsabilidade exclusiva da família cada vez mais tem sido compartilhado em creches e pré-escolas. Com isso, têm aumentado o número de profissionais na Educação Infantil e educadores com diferentes experiências e histórias de vida têm feito parte da rotina de muitas crianças. Ao mesmo tempo, estudos têm indicado o mal estar docente diante das demandas e da sobrecarga de trabalho no campo da educação, denunciando o sofrimento psíquico de professores e o lugar de abandono que se encontra a escola, o que sugere a importância de espaços de escuta às educadoras. Para dar sustentação à essa reflexão, a presente tese de doutorado discute teoricamente o exercício das funções de cuidar e educar no espaço da creche, visto a sua importância para a constituição psíquica. Além disso, busca compreender o campo da Educação Inclusiva, bem como as mudanças associadas à conceituação de deficiência e a legislação que ampara o processo de inclusão na escola e na sociedade. Em seguida, descreve uma proposta de grupo, baseada na clínica psicanalítica e nomeada como Grupo de Discussão de Trabalho (GDT), que teve como objetivo oferecer um espaço de escuta e reflexão para professoras da rede municipal de Porto Alegre - RS/Brasil que atendiam turmas de berçário e maternal. Foram realizadas duas edições do GDT, cada qual com três encontros semanais, coordenados por três facilitadores. No total, participaram cinco educadoras de diferentes escolas que atendiam crianças com idades entre 6 meses e 3 anos e 6 meses. Após os encontros, os facilitadores produziram relatos que eram lidos e discutidos em supervisão em grupo. Análise qualitativa desse material possibilitou agrupar o conteúdo trazido pelas educadoras juntamente com aquele produzido nos relatos e em supervisão, os quais foram organizados em dois artigos. O primeiro artigo trata de um espaço de cuidado às educadoras, com vistas a compreender como um dispositivo de escuta e reflexão pode ser potente no acolhimento das angústias e experiências das educadoras quanto ao seu fazer profissional. As evidências sugerem que os relatos e a supervisão em grupo foram ferramentas imprescindíveis para a condução do grupo, pois contribuíram para sustentar o lugar dos facilitadores, para manter a atenção flutuante e para acolher as angústias suscitadas pela experiência junto às educadoras. O GDT também se revelou um dispositivo que pode contribuir para a saúde mental dos profissionais da educação, podendo ser facilmente adaptado ao contexto e às necessidades da escola e/ou dos professores. O segundo artigo, por sua vez, discute o cuidado que as educadoras oferecem às crianças, no sentido de escutar os seus questionamentos e as suas dúvidas sobre o que, como e quando fazer junto aos bebês, no coletivo da creche. O cuidado mecanizado e o controle do corpo do bebê e/ou da criança bem pequena se colocaram como estratégias utilizadas pelas educadoras, mesmo que inconscientemente, na tentativa de dar conta das demandas de todas as crianças da turma. Com a participação de bebês e crianças bem pequenas com deficiência essas questões parecem se acentuar, de modo que produzem sentimento de culpa na educadora, que se vê diante da necessidade de adaptar o seu fazer, embora não saiba de que forma conduzir esse processo. Os dados sugerem a importância de espaços de escuta às educadoras para que possam exercer uma função de cuidar alicerçada no seu desejo enquanto sujeito e profissional da educação. Somente quando prevalecer o olhar ao sujeito-bebê/criança e ao sujeito-educadora é que será possível abandonar práticas estritamente técnicas e padronizantes, em prol de um projeto pedagógico, para se efetivar uma ação sustentada pelo paradigma inclusivo. Em síntese, os encontros do GDT indicam que a escuta e a reflexão são vias potentes para sustentar uma posição discursiva que permita a emergência de um sujeito, na qual todos têm seus interesses, potencialidades e limitações respeitados na escola.