Progressão da doença de Parkinson em uma coorte prospectiva : avaliação de variáveis clínicas e biomarcadores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Soares, Nayron Medeiros
Orientador(a): Rieder, Carlos Roberto de Mello
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/229390
Resumo: INTRODUÇÃO: Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que atinge cerca de 1 a 2% da população mundial acima dos 60 anos. A mesma possui uma heterogeneidade muito grande de manifestações motoras e não motoras. Fatores relacionados com as diferentes formas de apresentação e progressão da doença não são ainda bem esclarecidos. OBJETIVO: Avaliar fatores clínicos e marcadores bioquímicos associados com a progressão de sintomas motores e não motores na DP. MÉTODOS: Este estudo foi realizado com pacientes com diagnóstico de DP de acordo com o Banco de Cérebro de Londres e em seguimento no ambulatório de distúrbios do movimento do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A avaliação clínica incluiu avaliação cognitiva, fluência verbal, gravidade dos sintomas, estágio da doença, qualidade de vida, presença de alterações depressivas e no controle de impulsos, avaliação do sono. Para isso foram aplicados respectivamente os seguintes questionários e escalas: MoCA, FAS, escala MDS-UDPRS, escala de Hoehn e Yahr, inventário de depressão de Beck II, escala QUIP-CS, PDQ8 e PDSS. Na avaliação bioquímica de marcadores foi realizado dosagem de ácido úrico e cortisol. RESULTADOS: Foram avaliados 81 pacientes no início do estudo, destes 66 foram acompanhados numa coorte prospectiva com seguimento longitudinal médio de 14 meses. Esta tese está apresentada com quatro artigos. Artigo 1: “Cortisol levels, motor, cognitive and behavioral symptoms in Parkinson's disease: a systematic review”. Nesta revisão sistemática observou-se que níveis elevados de cortisol foram associados a piores escores funcionais avaliados pela UPDRS, depressão e comportamento de preferência de risco. As interações medicamentosas mostraram influência na regulação da liberação de cortisol, especialmente, a levodopa. Artigo 2: “Low serum uric acid levels are related to levodopa-induced dyskinesia in Parkinson's disease”. Neste estudo, foi encontrado que os níveis séricos de ácido úrico foram menores no grupo com discinesia quando comparados ao grupo sem discinesia. A análise multivariada mostrou que níveis mais baixos de ácido úrico foram significativamente associados à discinesia (OR = 0,424; IC 95% [0,221-0,746], p = 0,005). Artigo 3: “Predictors of cognitive impairment in Parkinson's disease: a prospective cohort study”. Neste estudo avaliamos as diferenças entre os pacientes que apresentaram pioras no estado cognitivo em um ano de seguimento (definido como queda no MoCA em relação aos pacientes que se mantiveram relativamente estáveis. O fator mais importante relacionado com declínio cognitivo, definido como queda no MoCA ≥2 pontos em após um ano de seguimento foi a presença de maior prejuízo na avaliação inicial. (p <0,001). Os domínios em que houve maior declínio cognitivo no período de segmento foi na memória (p = 0,004) e orientação (p = 0,004). Avaliando todos os pacientes como um único grupo não se encontrou uma piora significativa na cognição após 14 meses de seguimento. Embora um grupo de pacientes (n = 19) houve declínio cognitivo neste período de seguimento. Usando-se modelos estatísticos de previsão foi encontrado que os sintomas de fadiga e parkinsonismo com maior escores de rigidez estavam associados com maior risco de declínio cognitivo, respectivamente, RR = 1,41, IC 95%: 1,01-1,95, p = 0,040 e RR = 1,10, IC 95%: 1,02-1,20, p = 0,015. Em relação aos marcadores bioquímicos, houve uma redução nos níveis de cortisol sérico em pacientes com DP no acompanhamento (p = 0,021), mas esta não se mostrou relacionado com as alterações cognitivas. Artigo 4: “Cortisol, uric acid and clinical assessment in a prediction model of motor decline in Parkinson´s Disease: one-year follow-up study. Houve diminuição do cortisol no grupo sem declínio motor (p = 0,006). O ácido úrico diminuiu após o acompanhamento no grupo com agravamento das discinesias (p = 0,017). O cortisol diminuiu no grupo sem flutuações motoras (p = 0,026). CONCLUSÃO: Há uma possível relação entre os níveis de cortisol e os sintomas na DP. O cortisol e o ácido úrico parecem desempenhar um papel importante nas complicações motoras na DP. Este estudo fornece um possível papel dos níveis séricos de AU na discinesia induzida por levodopa em pacientes com DP. Mudanças na cognição global após 14 meses são previstas em parte por algumas características clínicas como fadiga e rigidez motora na DP. A bradicinesia como o primeiro sintoma relatado parece ser um forte preditor de declínio motor.