Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Dornelles, Alíssia Gressler |
Orientador(a): |
Ferrari, Andrea Gabriela |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/186095
|
Resumo: |
Este estudo trata de uma experiência de formação com as visitadoras da equipe do Programa Primeira Infância Melhor (PIM) de um município do interior do Rio Grande do Sul. O PIM consiste em uma política pública estadual, de caráter intersetorial, que visa à promoção integral do desenvolvimento infantil por meio do acompanhamento de famílias com gestantes e crianças de zero a seis anos de idade, através de visitas domiciliares planejadas a partir da metodologia proposta pelo programa. Acompanhando os processos de trabalho do PIM desde o lugar da gestão das políticas públicas de saúde, somos instigados pela dificuldade das visitadoras em atender as famílias com bebês. Diante disso, indagamo-nos em que medida e de que modo as instâncias de gestão em saúde se relacionam com o saber-fazer que opera nas práticas de cuidado na atenção à primeira infância. Assim, guiados por fundamentos psicanalíticos, tecemos um plano de encontros de formação, cujos delineamentos foram sofrendo transformações ao longo do percurso, de modo que nosso método constituiu-se por tropeços e desvios. Os encontros buscaram dar lugar aos dizeres das visitadoras, apostando na circulação da palavra como potência de (trans)formação. A escrita desta experiência desenrolou-se, assim, em uma composição narrativa que teve como articulador central as narrativas das visitadoras, apreciadas através das lentes teóricas da psicanálise – essencialmente Freud e Lacan – e da saúde coletiva, com um toque especial de poesia. As visitadoras, em suas andanças, evidenciam os desencontros entre a letra da lei – o texto normativo das políticas públicas – e o trabalho vivo no cotidiano, no encontro com a “vida que não cabe no papel”. Disso decorre a impossibilidade de uma transposição direta da metodologia do programa para o atendimento das famílias no território. Avançando nesta direção, foi possível notar que, quando a atividade programada para o atendimento da família falha em relação ao enquadre preconizado pelas normativas do PIM, abre-se uma fresta para emergir outra cena, marcada pelo laço transferencial estabelecido entre visitador e família. Nesse contexto em que a técnica e a metodologia prescrita mostram-se insuficientes, o visitador precisa engajar-se na invenção de outros caminhos para sua atuação, o que lhe convoca a constituir uma posição implicada no encontro com estes sujeitos. Esta implicação parece enlaçar-se ao campo da ética, na medida em que permite um afastamento dos posicionamentos morais e a sustentação de algo do enigma e do desejo. Na formação, destaca-se a habilidade das visitadoras para a arte de contar histórias, através da qual se torna possível dar contornos aos impasses decorrentes do seu fazer no PIM. Esta arte de dizer é sinalizadora de uma nova discursividade, cujos traços peculiares reverberam no seu processo formativo, abrindo margens para que uma transmissão possa operar. Reconhecidas no lugar de narradoras, as visitadoras dão potência às vidas que contam, legitimando-as naquilo que elas podem ser. Através da escuta em transferência, seus dizeres ressoam po-eticamente. Nesta perspectiva, a arte de contar histórias constitui-se como operador de passagem que faz iluminar-se, por entre os ditos instituídos, a po-ética de um dizer. |