Suspensões da representação : o ensaio, a alteridade e a questão do “outro” em Congo (1972), O Tigre e a Gazela (1976) e Mato eles? (1982)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Campos, Rafael de
Orientador(a): Silveira, Fabricio Lopes da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/274179
Resumo: Este trabalho visa uma análise de três curta-metragens brasileiros com a intenção de entender como estes filmes mobilizam elementos ensaísticos para exercerem um tipo de representação do “outro” – outra cultura, gênero, classe social ou modo de existência -, e como essas representações relacionam-se com o conceito de alteridade. Os filmes em questão são Congo (1972), dirigido por Arthur Omar, O Tigre e a Gazela (1976), dirigido por Aloysio Raulino e Mato Eles? (1982), dirigido por Sérgio Bianchi. Partiremos de um olhar acerca dos principais teóricos do ensaio literário e do filme-ensaio, para assim compreendermos as nuances contidas nesta forma tão enigmática e melhor entendermos como elas se manifestam nos filmes analisados. Adorno (2003), Lukács (1974) e Bense (2017) serão as principais fontes entre os teóricos literários. Sobre o ensaio fílmico, partiremos de uma divisão entre a teoria inicial e a teoria contemporânea, passando por nomes como Richter (2017), Astruc (2017), Bazin (2017), Rascaroli (2017), Corrigan (2015) Almeida (2015; 2018) e Teixeira (2022). O pensamento em torno da problemática da representação do outro no cinema terá um percurso inicial pelas reflexões de Didi-Huberman (2014; 2015) que nos auxiliará na introdução deste tema a partir de suas ideias de subexposição e superexposição. A partir disso, adentraremos na questão do cinema com Shohat e Stam (2006), que trarão aspectos mais históricos sobre o desenvolvimento de uma forma de representação hegemônica, de um controle de circulação de imagens e das propostas estéticas alternativas a esse status quo. Jean Claude Bernardet (2003) e Trinh T. Minh-ha (1990) trarão compreensões complementares acerca de críticas a algumas dessas alternativas, que mais adiante serão ecoadas por Arthur Omar (1997). Todos esses percursos serão importantes pois, ao passarmos para uma análise do conceito de alteridade de Emanuel Levinas (1980; 2010), poderemos perceber diversas semelhanças entre o pensamento do filósofo franco-lituano e dos demais autores e autoras abordadas. A partir de então, ficarão mais claros os conceitos levinasianos de instrumentalização do Outro, posse, violência do rosto, assimetria do encontro e interlocução, importantes para entendermos como se dá a relação de alteridade nos filmes analisados. Em Congo, identificaremos um ensaísmo que visa uma desconstrução discursiva, ao passo que a relação de alteridade se dá mais na evidenciação da relação de assimetria e na interlocução que estabelece com o espectador; O Tigre e a Gazela apresenta um ensaísmo meditativo-improvisado e uma tentativa de estabelecimento de um corpo-a-corpo com o “outro” por meio de uma interlocução corporal e visual, ao passo que Mato Eles? coloca em jogo um ensaísmo irônico e uma alteridade “às avessas”, que inverte a lógica representacional e traz um forte componente autorreflexivo e metalinguístico.