Adaptações induzidas pela cirurgia bariátrica na composição corporal, capacidade funcional e aspectos mecânicos e energéticos da marcha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Hélder Gabriel Rodrigues da
Orientador(a): Pinto, Ronei Silveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/270338
Resumo: A cirurgia bariátrica (CB) tem sido considerada o tratamento mais eficaz em pacientes obesos graves, atuando positivamente nas alterações da composição corporal (CC) e melhora do estado metabólico. No entanto, o impacto da CB e do treinamento de força (TF) sobre composição corporal e capacidade funcional (CF) ainda é desconhecida, assim como a interação das modificações da composição corporal frente a aspectos mecânicos e energéticos da marcha. Por outro lado, o treinamento de força (TF) vem ganhando notoriedade nos últimos anos nesta população e tem sido considerada umas das estratégias eficazes para otimizar tais modificações da CC e CF decorrentes da CB. Porém, a alta variabilidade metodológica dos programas de treinamento avaliando os efeitos do TF no período pós-CB torna necessário a compilação de informações sobre o tema. Portanto, o presente estudo teve dois objetivos principais: (1) comparar as adaptações induzidas pela CB sobre a composição corporal, capacidade funcional e aspectos mecânicos e energéticos da marcha, entre o período préoperatório e pós-operatório através de um estudo piloto; (2) descrever o impacto do TF realizado no período pós-operatório sobre a CC e a CF de indivíduos submetidos à CB através de uma revisão sistemática e metanálise. Para tal, foram avaliadas 4 mulheres (44,8 ± 6,0 anos) com IMC ≥ 35 kg/m² e comorbidades ou ≥ 40 kg/m², que realizaram uma laparoscopia ou laparotomia pela técnica cirúrgica by-pass gástrico em Y de Roux ou gastrectomia vertical. Inicialmente, as participantes foram orientadas a realizar o registro alimentar de 3 dias e preencheram os questionários sobre qualidade de vida e nível de atividade física. Após a seleção para participar do estudo, considerados os critérios de elegibilidade, as pacientes foram submetidas às seguintes avaliações: a) composição corporal por absorciometria de duplos raios-x (DXA) (i.e., composição corporal), b) ultrassonografia muscular (i.e., espessura muscular), c) testes neuromusculares (i.e., dinamometria isocinética) e d) testes funcionais (i.e., TUG teste, teste de caminhada de 6 minutos e etc.). As avaliações foram realizadas em dois momentos: T1 – avaliação basal, realizada entre 14 a 28 dias antes da CB, e T2 – avaliação 12 semanas após a CB. Os resultados descritivos foram expressos em valores absolutos e relativos de cada paciente e, também em média e desvio padrão. Além dos resultados descritivos, a revisão sistemática foi baseada nos critérios do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta‐Analyses Protocols (PRISMA-P) e a busca foi realizada nas bases Pubmed, Embase e Cochrane, com estudos quantitativos, longitudinais e ensaios clínicos randomizados e não randomizados. Para a avaliação do risco de viés foi utilizada a escala ROBINS. Foi considerado como critério de inclusão, estudos em que a avaliação da CC tenha sido realizada por pelo menos um destes métodos: DXA, pletismografia por deslocamento de ar e/ou bioimpedância. Para a CF foram incluídos estudos em que ela foi avaliada por no mínimo um destes testes: caminhada de 6/12 minutos, sentar e levantar da cadeira em 30/60 segundos ou 5 repetições, número de passos diários, força de preensão manual e sentar e alcançar. Foram encontrados 188 estudos, desses, 8 avaliaram os efeitos do TF sobre a CC e/ou CF. Dentre os selecionados, 7 avaliaram a CC, dos quais 5 utilizaram a bioimpedância como método de avaliação. Nesses estudos, o grupo de intervenção com TF apresentou melhora ou manutenção da massa livre de gordura (N = 5, diferença média [95% IC] = 0,5 [-2,1; 3,1] kg, p=0,12) e redução na gordura corporal (N = 6, diferença média [95% IC] = 1,2 [-1,3; 3,6] kg, p=0,74) e massa corporal (N = 8, diferença média [95% IC] = 0,2 [-2,2; 2,7] kg, p=0,74) após o programa de TF, porém sem diferença significativa quando comparado ao grupo controle. Os estudos que avaliaram o efeito do TF na CF apresentam elevada heterogeneidade em relação aos métodos utilizados na sua avaliação, tendo sido utilizados 9 testes funcionais diferentes. Todavia, em todos estes estudos foi observada melhora significativa do desempenho funcional, sobretudo na força muscular, no grupo que realizou TF quando comparado ao grupo controle (N = 5, diferença média [95% IC] = 23,9 [0,8; 47,0] kg, p=0,004). O TF pode ser considerado importante aliado para a manutenção e/ou melhora da CC, além de promover melhora da CF, sobretudo na força muscular, em indivíduos submetidos à CB. Porém, mais estudos precisam ser realizados com enfoque na CB e TF de forma isolada e combinada, sobretudo comparando diferentes técnicas cirúrgicas e protocolos de treinamento, com o intuito de descrever as adaptações neuromusculares e na composição corporal induzidas frente a estas intervenções em bariátricos, incrementando assim as opções de tratamento adotados na prática clínica e otimizando os resultados da CB.