O acontecimento público Satiagraha, entre o Estado e a mídia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Coelho, Marja Pfeifer
Orientador(a): Weber, Maria Helena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/81402
Resumo: Esta tese estuda a configuração de um acontecimento público ligado ao campo problemático da corrupção, a Satiagraha - operação deflagrada pela Polícia Federal em 2008 que resultou na prisão de personagens conhecidos da sociedade brasileira, e teve sua anulação decidida pelo Superior Tribunal de Justiça em 2011. São marcas deste acontecimento a participação da mídia, com a exclusividade dada a uma equipe de televisão, entre outros envolvimentos; a suspeição, que transforma heróis em vilões e coloca os papéis desempenhados em dúvida; e o engajamento de todos os poderes do Estado, especialmente da Justiça, expondo embates entre instâncias variadas. O acontecimento público é conceituado a partir da visibilidade obtida, dos problemas e temas fundados no interesse público ensejados, da ação pública exigida. Está relacionado a processos de comunicação pública, em que há a mobilização de arenas e a expectativa de regramento por princípios éticos e normativos. Neste quadro, a Satiagraha é reconstituída e analisada através de notícias produzidas por quatro veículos de comunicação (Jornal Nacional/Rede Globo de Televisão, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Veja) e por nove fontes institucionais - sites do Ministério da Justiça (MJ), da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), da Justiça Federal de São Paulo (JFSP), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), do Ministério Público Federal/Procuradoria da República em São Paulo (MPF), da Câmara dos Deputados (CAM), do Senado Federal (SEN), no período entre o deflagrar da operação (08/07/2008) até o mês de abril de 2012 – data arbitrária, definida pela presença de ocorrências sobre o acontecimento, que não encerra neste período. Na reconstituição, é possível perceber que os sentidos inicialmente provocados pela visibilidade dada à operação, a partir da noção de espetacularização/abuso, vão sendo reforçados pelo encadeamento dos temas na narrativa. Com a identificação de marcas de relevância, dos temas, atores e conflitos presentes na narrativa reconstituída, foi possível perceber as trocas de papéis, a disputa em torno de definições e posições sobre interesse público, Estado de Direito e outros valores democráticos, com implicações para as necessidades de accountability e para os processos de comunicação pública. O campo problemático da corrupção parece, diante das questões públicas levantadas, distante da ação pública, como fonte de acontecimentos que revelam os limites de Estado e mídia em sua abordagem.