Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Barbieri, Natália Bordin |
Orientador(a): |
Vigo, Álvaro |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/205874
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Resumo: |
Introdução Evidências de associação positiva entre o consumo de bebidas açucaradas (SSB) e incidência de diabetes tipo 2 (DM2) foram reportadas em países de alta renda, mas são ainda inconsistentes para bebidas adoçadas artificialmente (ASB) e suco de frutas. Ainda, o consumo de café e chá está inversamente associado com a incidência de DM2, mas os resultados são inconsistentes quanto ao tipo de adoçamento utilizado. Poucas evidências estão disponíveis nos países de média renda. Objetivo Avaliar a associação prospectiva do consumo de bebidas açucaradas (SSB, ASB e suco de frutas) e café e chá (com ou sem açúcar, ou com adoçante artificial) com DM2 incidente no Brasil. Métodos Foram utilizados dados no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSABrasil), um estudo de coorte multicêntrico com 15.105 funcionários públicos no Brasil, com idades entre 35 e 74 anos na linha de base (2008-2010). A incidência de DM2 foi aferida utilizando autorrelato de diagnóstico médico, uso de medicamentos antidiabéticos ou medidas de glicemia de jejum, glicose de 2 horas ou hemoglobina glicada, considerando tempo médio de acompanhamento de 3,8 anos. O consumo de bebidas e outros dados alimentares foi aferido por meio de questionários de frequência alimentar. Foram utilizados modelos ajustados de regressão de Cox para estimar as associações com diabetes incidente e para estimar os efeitos da substituição de bebidas açucaradas por café ou chá. Resultados Foram incluídos nas análises 11.121 participantes. O modelo foi ajustado para possíveis fatores de confusão, e houve interação entre o consumo de SSB e IMC (p=0.018). Em obesos, para cada aumento de uma porção/dia (240 ml) no consumo de SSB estimou-se aumento no risco de DM2 incidente (HR=1,15;IC95%:1,03-1,27). Reduzindo para menos de 10% o consumo calórico total proveniente de SSBs, a incidência de DM2 reduziria em 4,5% e, independentemente da quantidade, café ou chá sem açúcar parecem ser substitutos adequados para SSBs. Para o aumento de uma porção/dia (240 ml) de suco de frutas, enquanto que para o consumo de ASB, as associações foram HR=1,03 (IC95%:0,92-1,14) e HR=1,19 (IC95%:1,04-1,35), respectivamente. O consumo de café mostrou associação não linear com DM2 incidente. Comparado aos indivíduos que não consomem café com açúcar, as estimativas de HR (IC95%) para o consumo de uma (50 ml) a seis porções/dia de café com açúcar foram, respectivamente, 0,88 (0,80-0,97), 0,79 (0,66-0,94), 0,73 (0,58-0,92), 0,72 (0,56-0,93), 0,74 (0,57-0,95) e 0,77 (0,60-0,99). Similarmente, para o consumo de uma (50 ml) a três porções/dia de café sem açúcar, estas estimativas foram 0,65 (0,48-0,89), 0,60 (0,40-0,89) e 0,69 (0,49-0,96), respectivamente, quando comparado ao não consumo deste tipo de café. Em mulheres, o consumo de café adoçado artificialmente mostrou associação positiva (embora não significativa) para até três porções/dia (150ml), mudando a direção para o consumo de seis porções/dia (HR=0,63;IC95%:0,40-0,99), quando comparado ao não consumo deste tipo de café. A substituição de uma porção/dia de café adoçado artificialmente por um volume equivalente de café com ou sem açúcar reduziria o risco de DM2 incidente em 37% (IC95%:20-55%) e 42% (IC95%:25-59%), respectivamente. Para cada aumento de uma porção/dia (150ml) no consumo de chá sem açúcar foi observada uma associação inversa com incidência de DM2 (HR=0,87;IC95%:0,73-1,05), comparado ao não consumo deste tipo de chá. Conclusão O consumo habitual elevado de SSB (em obesos) e suco de frutas foi associado à incidência de DM2. A substituição destas bebidas por café ou chá sem açúcar pode reduzir esse risco, independentemente da quantidade. O consumo habitual de café (com açúcar ou sem açúcar) foi inversamente associado a incidência de DM2, apresentando um gradiente dose-resposta. Em mulheres, a substituição de café adoçado artificialmente por quantidade equivalente de café com ou sem açúcar poderia reduzir a incidência de diabetes tipo 2. |