Avaliação da atenção ao pré-natal segundo raça/cor no município de Esteio, Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rodrigues, Evelise Birck
Orientador(a): Bairros, Fernanda Souza de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/278697
Resumo: INTRODUÇÃO: A Atenção ao Pré-Natal (APN) é a assistência prestada à mulher durante sua gravidez e puerpério e é uma prioridade de saúde pública. A gravidez é complexa e delicada, e a maior parte de suas complicações são evitáveis com uma APN adequada. OBJETIVO: Analisar a APN prestada no município de Esteio/RS, em 2019, e seus desfechos, segundo raça/cor. METODOLOGIA:Estudo de caráter quantitativo, analítico e do tipo coorte retrospectiva, através da coleta de dados de prontuários de 627 usuárias da Atenção Primária (APS) e da maternidade do município. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 21.0. Foi feita análise descritiva dos componentes da APN segundo as variáveis mulheres brancas/negras; e adultas/adolescentes. Para verificar se a adequação do pré-natal estava associada às características maternas e de parto, foi utilizado o teste do χ2 para verificar diferenças entre as proporções, considerando-se intervalo de confiança de 95% (IC95%). Realizou-se regressão logística para cálculo do Risco Relativo e Intervalo de Confiança de 95%. Adotou-se, nas análises estatísticas, o nível de significância de 5% (P<=0,05). A amostra foi composta por 627 mulheres residentes em Esteio e que tiveram seus partos entre janeiro e dezembro de 2019. RESULTADOS E DISCUSSÃO : A caracterização foi de 74% de gestantes brancas e 26% negras; adultas de 20 anos ou mais foram 84,8%; e adolescentes 15,2%. A escolaridade de ensino médio ou acima foi de 66,5%, e 10,5% das usuárias teve acesso a serviços complementares de convênio durante APN. Os resultados indicam que 89% cumpriram seis ou mais consultas. Realizaram testes rápidos de IST 99,6% das grávidas e 89,8% fizeram revisão puerperal. O parto vaginal registrado em 42,1% dos casos. Quando os dados são analisados por raça/cor, cabe explicar que foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre brancas e negras como a escolaridade (p>0,001) (RR=1,79, IC95%: 1,37-2,34), número mínimo de consultas (p0,028). (RR=0,67, IC95%: 0,47-0,93) e realização de revisão puerperal (p 0,029)(RR=0,65, IC95%: 0,46-0,93). Mulheres brancas realizaram mais partos cesáreos que as negras (p 0,003) (RR=1,49, IC95%: 1,15-1,94). Na categorização por faixa etária, as adolescentes apresentaram resultados piores para escolaridade (p<0,001) (RR=3,05, IC95%: 2,09-4,46) e na realização de revisão puerperal (p 0,012) (RR 0,65, IC95%: 0,46-0,93). A análise estatística foi categorizada em quatro grupos: adultas brancas, adolescentes brancas, adultas negras e adolescentes negras. Escolaridade e revisão puerperal apresentaram um comportamento similar, com melhores resultados no grupo de adultas brancas e os piores no grupo de adolescentes negras. Nessa comparação, mulheres brancas a adultas concentraram o maior percentual de cesarianas (p-valor 0,003). o maior percentual de cesarianas (p-valor 0,003). APLICABILIDADE NO CAMPO DA SAÚDE COLETIVA: A coleta e análise de dados a respeito da APN pode e deve ser realizada por qualquer gestão municipal através de bancos de dados acessíveis como prontuários individuais e dos sistemas de informações federais. Verificar populações específicas que precisam de uma maior atenção através de dados consistentes garante aos gestores tomadas de decisão mais eficientes e focadas, especialmente no campo materno infantil, tão sensível às ações de Atenção Primária em Saúde (APS). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados indicam que a APN prestada em Esteio, em 2019, traz boas coberturas. Contudo, houve iniquidades raciais observadas, situação em que gestantes brancas registram escolaridade mais alta, maior número de consultas e de realização de revisão puerperal em relação às negras. Adolescentes, especialmente as jovens negras, ainda apresentaram maiores disparidades nestes mesmos quesitos. Faz-se imprescindível o debate sobre ações que possam reduzir as iniquidades descritas, em especial, sobre a saúde de mulheres negras e adolescentes negras tendo como diretriz o comprometimento no combate ao racismo institucional, a fim de garantir e proporcionar melhorias no princípio da equidade do SUS.