Experiências de ensino bilíngue em Bubaque, Guiné-Bissau : línguas e saberes locais na educação escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Mendes, Etoal
Orientador(a): Meinerz, Carla Beatriz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/178453
Resumo: A dissertação analisa experiências de ensino bilíngue nos Centros de Experimentação de Educação e Formação (CEEF) e no Projeto de Apoio ao Ensino Bilíngue no Arquipélago de Ilhas Bijagós (PAEBB), em Bubaque, região de Bolama Bijagós, Guiné-Bissau. Aborda a problemática da relação entre línguas e saberes locais, no processo de alfabetização e no currículo do Ensino Básico, com finalidade de reconhecer suas vantagens para a aprendizagem das crianças em escolarização inicial. Esta discussão é baseada na institucionalização do kriol e abre a possibilidade de integrar os conteúdos e práticas culturais no currículo local. A finalidade da introdução do kriol como língua de ensino é reduzir a distância entre a escola e a comunidade, assim como descolonizar o próprio currículo, saber e poder (QUIJANO, 2005). O ensino bilíngue dos CEEF e PAEBB integra saberes comunitários para estimular aprendizagens, utilizando e reconhecendo as línguas locais na escola. Essa premissa sustenta que as escolas devem associar-se à cultura autóctone e ao seu valor intrínseco. Entende-se que a inclusão dos saberes locais na escola pode facilitar aprendizagem e contextualizar os conhecimentos socioculturais locais. Com a introdução da língua local, o kriol, cria-se um espaço de convivência dos saberes local e universal e lança-se um repto aos educadores no sentido de serem responsáveis na produção e disseminação de conhecimento. A base teórica do trabalho é fundada no pensamento de Paulo Freire (1978), acerca da relação entre educação e cultura nos processos de alfabetização; Michael Apple (2000), base para pensar o currículo; Clifford Geertz (1997), para o conceito de cultura. O material empírico foi produzido em pesquisa de campo, com busca documental no Ministério de Educação e no escritório da Fundação para o Apoio ao Desenvolvimento dos Povos dos Arquipélagos de Bijagós (FASPEBI), na Guiné-Bissau, com recorte temporal entre 1986 e 2017. A produção documental para análise incluiu questionários sociolinguísticos e entrevistas semiestruturadas com professores e estudantes de duas escolas vinculadas à FASPEBI. A partir da análise das experiências que agregam as línguas locais, destaca-se positivamente a integração do kriol como língua de ensino e a fusão de conteúdos disciplinares com saberes da tradição local. No entanto, ressalta-se a falta de formação superior e diplomada de professores no domínio de ensino bilíngue, a heterogeneidade de turmas, as dificuldades metodológicas e didáticas dos docentes.