Entre tramas, metamorfoses e insubmissões na produção da política sexual no oeste catarinense : leituras micropolíticas das ofensivas antigênero em cenários (neo)conservadores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Schuck, Anderson Luis
Orientador(a): Nardi, Henrique Caetano
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/285425
Resumo: As tramas envolvem intrigas, enredos e a construção de narrativas em torno de um emaranhado de acontecimentos, que neste estudo tratam da produção de uma política sexual no oeste catarinense atravessada pela mobilização de ofensivas antigênero. A cruzada transnacional contra o fantasma do gênero tem articulado uma heterogeneidade de sujeitos e instituições pautados por lógicas neoconservadoras e neoliberais, que buscam atacar pautas e demandas relacionadas aos direitos sexuais e direitos reprodutivos defendidos principalmente pelos movimentos feministas e da população LGBTQIAPN+. Pensar as continuidades e descontinuidades deste fenômeno em um nível local/regional envolve problematizar uma micropolítica dos jogos de forças que ultrapassam o funcionamento do Estado e penetram na vida cotidiana dos sujeitos, com seus pontos de aplicação do poder e as condições de possibilidade de sua contestação. Com base neste panorama, delimitamos como objetivo de pesquisa: analisar o campo de produção das políticas de gênero e sexualidades na região oeste de Santa Catarina, considerando as metamorfoses das alianças entre (neo)conservadorismo e ofensivas antigênero e as possibilidades de resistência a estes movimentos na contemporaneidade. Um primeiro percurso de reflexão abarcou compreensões decoloniais sobre a formação da região, questionando modos de colonização que promoveram a expropriação das terras e cultura de indígenas e caboclos para imposição do ethos dos colonos, os imigrantes descendentes de europeus (principalmente alemães e italianos), que sustentaram sua dominação étnica apoiada nos valores da religião, no trabalho e na família patriarcal, elementos que reafirmam um padrão conservador colonial com suas desigualdades e violências. As marcas dessa realidade se entrecruzam com práticas coronelistas e antidemocráticas que se fazem presentes na atuação legislativa em Câmaras de Vereadores dos pequenos municípios do interior, operando historicamente um silêncio normalizador do padrão cisheteronormativo, mas que na atualidade produzem complexas e dinâmicas articulações nacionais-locais para fazer avançar o ativismo político de extrema direita anti-feminista e anti-LGBTQIAPN+ (com maior relevo anti-trans). Na configuração deste diagrama de forças é possível acompanhar a polemização dos danos e as resistências produzidas por pessoas e coletivos que buscam viver o gênero e sexualidades sem medo e que se movimentam de forma insubmissa para erguer braços e abrir brechas naquilo que é dado, nas quebras para outro mundo possível.