Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Silvano, Gabriela Garcia |
Orientador(a): |
Schwartz, Ida Vanessa Doederlein |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/280843
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Resumo: |
Introdução: Os erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios genéticos raros causados por defeitos na atividade enzimática ou em transportadores, e que resultam em manifestações clínicas sistêmicas. A Homocistinúria Clássica é um erro inato do metabolismo, de herança autossômica recessiva, na qual há um déficit da enzima cistationina-beta-sintase (CBS) e elevação dos níveis plasmáticos da homocisteína e da metionina e diminuição dos níveis de cisteína. Estima-se que sua prevalência mundial seja de aproximadamente 0,38:100.000 indivíduos. As principais manifestações clínicas são ectopia lentis, osteoporose e tromboembolismo. Seu tratamento é realizado através da administração de piridoxina (vitamina B6) e de dieta restrita na ingestão de metionina e com suplementação de aminoácidos essenciais. O gene que codifica a cistationina-beta-sintase, CBS, localiza-se no cromossomo 21q22.3 e apresenta grande heterogeneidade alélica. De acordo com nosso grupo, a variante patogênica p.Trp323Ter (c.969G>A), inicialmente descrita na Arábia Saudita, foi previamente relatada em pacientes oriundos da região nordeste (Retirolândia – Bahia) com uma frequencia alélica de 11,3%, sugerindo um possível efeito fundador da variante no Brasil. Objetivo Geral: Caracterizar aspectos genéticos da Homocistinúria Clássica no Brasil. Objetivos Específicos: 1) Investigar a possível origem única da variante p.Trp323Ter no gene CBS em pacientes brasileiros; 2) Determinar o genótipo de uma amostra de pacientes brasileiros com Homocistinúria Clássica. Métodos: Para o cumprimeto do objetivo específico 1: Foram incluídos 10 pacientes (sexo masculino: 6; média de idade 18,7 anos) com diagnóstico molecular de Homocistinúria Clássica e presença em homozigose da variante patogênica p.Trp323Ter, da região nordeste do Brasil. Os dados clínicos de diagnóstico, manifestações clínicas e antropométricos foram pesquisados em prontuários e fichas clínicas. Foram utilizadas amostras de DNA de sangue periférico, amplificadas por PCR e analisadas por sequenciamento de Sanger. Seis marcadores intragênicos (gene CBS) foram sequenciados pelo método de Sanger: c.844_845ins68; c.1080C>T; g.13514G>A; g.13617A>G; g.13715C>T; g.13800G>A; Para o cumprimeto do objetivo específico 2: Foi analisada uma coorte de 20 pacientes brasileiros com Homocistinúria Clássica (sexo feminino: 13) de três regiões brasileiras (Nordeste, Sudeste e Sul). Os dados de diagnóstico e manifestações clínicas foram pesquisados em prontuários e fichas clínicas. As amostras de DNA foram extraídas, amplificadas por PCR convencional para os éxons 1-16, purificadas e analisadas por sequenciamento de Sanger. Novas variantes foram classificadas de acordo com as diretrizes da American College of Medical Genetics and Genomics (ACMG) e avaliadas para patogenicidade através de mapas funcionais gerados por ensaio de complementação de alto rendimento em leveduras. Resultados: Objetivo específico 1: a média de idade de início dos sintomas foi de 3,9 anos, e todos eram não resposivos à piridoxina. Dentre as manifestações clínicas, 10/10 pacientes apresentaram comprometimento ocular, 8/10 déficit cognitivo, 8/10 alterações ósseas, e 5/10 eventos tromboembólicos prévios. A mediana nos níveis de homocisteína total foi de 157,5 μmol/L e de metionina foi de 199,9 μmol. Apenas um haplótipo (H1: -CGACG) foi encontrado. Objetivo específico 2: a média de idade do início dos sintomas foi de 6,3 anos. Os indivíduos eram de 16 famílias (consanguinidade foi relatada em 2 famílias), de três regiões do Brasil, 70% foram classificados como não-responsivos à piridoxina. Dentre as manifestações clínicas, 18 (94,7%) pacientes apresentaram comprometimento ocular, 11 (57,8%) apresentaram algum sintoma relacionado ao SNC, 9 (47,3%) apresentaram alterações ósseas e 5 (26,3%) complicações vasculares. A mediana nos níveis de homocisteína total e de metionina para pacientes responsivos foi de 50 μmol/L e 136 μmol, e para pacientes não-responsivos foi de 204,8 μmol/L e 393,8 μmol. Foram encontradas 14 variantes diferentes, sendo três inéditas (p.Asp129Gly, p.Gly351Asp e p.Val533Gly). As variantes mais frequentes foram p.Trp323Ter (23,3%), p.Ile278Thr (13,3%), e p.Thr353Met (10%). Conclusão: A variante p.Trp323Ter parece estar associada a um fenótipo clínico e bioquímico grave, e ser frequente no Brasil. A sua alta frequência e a presença de apenas um haplótipo é provavelmente resultado de um efeito fundador. A determinação do genótipo de novos pacientes e caracterização clínica, sugere um perfil clínico e genético muito particular da Homocistinúria Clássica no Brasil. Além disso, o estudo encontrou três novas variantes de importância para a doença (p.Asp129Gly, p.Gly351Asp e p.Val533Gly). |