Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Kempp, Jaqueline Otilia |
Orientador(a): |
Stigger, Marco Paulo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Palavras-chave em Espanhol: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/108711
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Resumo: |
Conforme as expectativas do governo federal, a Educação Integral tem como meta ser institucionalizada em mais de 50% das escolas da rede estadual e municipal no Brasil até 2020. Nesta perspectiva, o governo cria através de políticas públicas, projetos e programas que venham atender e fomentar a ampliação da permanência da criança na escola. O Programa Mais Educação (PME) foi criado pela Portaria Interministerial n. 17/2007, com o objetivo de aumentar a oferta educativa nas escolas públicas, ampliando o tempo do aluno na escola para sete horas diárias, por meio de atividades optativas, sendo uma delas a prática esportiva. A utilização do esporte como meio para atenuar problemas sociais vividos por crianças e jovens integrantes das classes menos favorecidas tem sido amplamente proposta nas ações e políticas dos governos, voltadas ao desenvolvimento da cidadania, vinculada a uma série de valores que se acredita ser possível incrementar através do esporte, ocupando diferentes lugares: como elemento atrativo para a participação de crianças e jovens, como meio de educação e transmissão de valores, como ocupação do tempo. Esta pesquisa teve como objetivo compreender quais são as articulações existentes entre as apropriações e perspectivas construídas a partir das práticas esportivas desenvolvidas pelas crianças, jovens, monitores, família e gestores no Programa Mais Educação em uma escola estadual de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Para isso, o método empregado foi a etnografia, utilizando-se três ferramentas: a observação participante, entrevistas e análise de documentos. Esse esforço etnográfico resultou na construção de quarenta diários de campo e onze entrevistas: três crianças, três monitores, o coordenador do PME da escola, a diretora da escola e três responsáveis pelas crianças – todos tiveram participação direta ou indiretamente com o programa. O resultado dessa pesquisa teve um elemento inesperado e um tanto contraditório: a ‘ausência do esporte’; e o programa foi um espaço criado para o acesso e democratização do esporte. Partindo dessa inserção no campo, passei a interpretar, escrever e fundamentar os significados criados e reproduzidos pelos participantes em relação ao esporte e seus objetivos naquele espaço. Dentro da discussão, procurei estabelecer diálogos com autores que se aproximam do tema, para os quais o esporte se distancia de um conceito homogêneo, assumindo diferentes sentidos dependendo de como as pessoas o significam, modificando seus olhares conforme o espaço que elas ocupam. A ausência do esporte nas oficinas nessa escola se mostrou diretamente ligada às redes tecidas pelos sujeitos mediadores dessa política pública, inseridos em uma determinada realidade. Nesta perspectiva, o que ficou evidenciado foi que as práticas esportivas não aconteciam durante os horários da oficina de esporte, ficando as crianças livres na maior parte do tempo, sem um direcionamento pedagógico que deveria ser realizado pelos monitores. Os motivos dessa ausência, segundo o depoimento dos participantes do programa, foram os mais variados: a falta de formação e experiência por parte dos monitores na área do esporte; a rotatividade e dificuldade em conseguir novos monitores devido ao trabalho voluntário – por isso, mesmo não se realizando o trabalho proposto pelo programa, havia uma determinada conivência por parte dos gestores em manter os monitores, mesmo que fosse só para ter alguém cuidando das crianças; pouco diálogo entre os interesses demonstrados pelas famílias e pela escola em relação ao PME; um olhar limitado construído pelo grupo de profissionais dessa escola em relação ao programa visto pela maioria dos professores como um apêndice e não parte inserida na proposta curricular da escola; falta de diálogo entre a oficina de esporte e os profissionais de educação física que trabalham na escola no turno formal; e certo abandono dos órgãos de supervisão e acompanhamento do processo de implementação e execução do programa nessa escola. Sendo assim, esta pesquisa buscou estabelecer diálogos que envolvem a compreensão do campo do esporte em um programa social desenvolvido na escola, de como uma determinada realidade pode se apropriar deste conceito, possibilitando-o em um âmbito maior diferentes resultados e significados. |