Um corpo, um corpo, um corpo : expressões de intensidades e experiências : reflexões sobre práticas médicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Azambuja, Renato Sampaio de
Orientador(a): Souza, Diogo Onofre Gomes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/270351
Resumo: O objeto desta pesquisa é o corpo. Parto de reflexões acerca da prática que exerço como médico em um hospital do SUS, interrogando verdades biomédicas acerca do corpo. Tais verdades, imbricadas a relações de saber/poder, o configuram como um objeto predominantemente biológico, gerando uma visão a-histórica da doença, descontextualizada do cuidado e fragmentada do sujeito em sua existência. Procurei olhar para tais práticas de modo a duvidar, estranhar e questionar verdades para, ao me mover e deslocar as “certezas”, criar condições para a emergência de outros pensamentos e possibilidades que desconstruam verdades relativas ao corpo biomédico. Construo uma produção teórica que percorre três movimentos, os quais mencionei sucintamente acima. Primeiro, problematizo historicamente a visão de corpo da biomedicina, que se embasa numa organicidade na qual as verdades correspondem a fatos inequívocos da objetividade corpórea pretensamente existente nos discursos científicos, o que exerce efeitos de poder na vida das pessoas. Isso leva a uma discussão sobre os efeitos do biopoder contemporâneo com relação à genômica, às concepções de risco e às práticas de bioascese. Em segundo lugar, discuto uma outra perspectiva do fazer científico ao estabelecer interconexões e diálogos entre campos de saberes pouco ou nada discutidos no âmbito da medicina, mas fundamentais para outra visão de corpo e outro modo de se produzir ciência. Para compor tal visão, debruço meus questionamentos investigando outros saberes científicos e filosóficos que questionam o corpo como objetividade natural e inata, baseado em saberes da cibernética de segunda ordem, da química das estruturas dissipativas e da teoria da Autopoiese, produzindo elementos que fundamentam aspectos do que denomino o devir de um corpo da experiência. Sustento uma visão de corpo existencial de intensidades e trago uma sustentação filosófica, para compor argumentos robustos, no sentido da construção de um Corpo sem Órgãos. Por fim, em um terceiro movimento, tendo como base a discussão das Racionalidades Médicas (LUZ, 2012), com a intenção de exemplificar a possibilidade de outra visão de corpo e de cuidado, busco algumas práticas do cuidado, alicerçadas em processos que tratam o corpo enquanto um movimento de interconexão contínua entre o físico, a mente e o meio: a Homeopatia e a Racionalidade Médica Chinesa.