Reiterações e transgressões à heteronormatividade na escola em tempos de educação para diversidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Picchetti, Yara de Paula
Orientador(a): Seffner, Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/106452
Resumo: Esta dissertação trata de modos de funcionamento da norma no campo da sexualidade e relações de gênero em um contexto institucional e político-social de educação para diversidade, em que reiterações e transgressões à heteronormatividade são cotidianamente exercidas. Na contemporaneidade observa-se uma acentuada discursividade acerca das diversidades sexuais e de gênero, com valorização do assunto tanto na mídia quanto na agenda de políticas públicas. Nesta conjuntura, como uma das mais legitimadas instituições de nossa época, a escola é tomada como um espaço estratégico de luta e vem sendo convocada a discutir sexualidade e relações de gênero, gerando possibilidades de tensionamentos da temática no campo da educação. Porém, discursos, instituições e práticas são organizadas de forma heteronormativa em nossa sociedade e a atuação da norma pode provocar arranjos inusitados neste contexto de um projeto de educação para diversidade. Sob a égide da inclusão escolar e através de práticas pedagógicas para diversidade, “novas” sexualidades têm se tornado inteligíveis e aceitáveis, proporcionando reconhecimento e acesso a direitos a sujeitos antes marginalizados ou considerados abjetos. Mas, se por um lado a afirmação identitária e a defesa dos direitos humanos promovem o alargamento dos limites do considerado socialmente normal e a convivência de sujeitos outrora segregados com ampliação do nosso regime democrático, por outro lado também facilitam a normalização dos sujeitos, especificando-os e conformando modos de vida. A partir de uma perspectiva pós- estruturalista com aporte principalmente dos estudos foucaultianos, utilizei estratégias etnográficas em uma escola estadual da cidade de Porto Alegre com o objetivo de apreender e analisar o funcionamento de normas de sexualidade e gênero em um contexto eminentemente preocupado com uma educação para diversidade. Discuto como a heteronormatividade atravessa o dispositivo da sexualidade e se reatualiza por meio da pressuposição de heterossexualidade, pela marcação dos sujeitos que dissidem da norma, pela reafirmação de categorizações em padrões binários de sexualidade e gênero e pela domesticação da diversidade. Como a reiteração da norma é um processo nunca idêntico ao anteriormente exercido e nem completamente acabado, a eventual transgressão à norma e emersão do novo é sempre uma possibilidade instaurada nas práticas cotidianas.