Resumo: |
Redes de agentes afro-religiosos permitem a circulação de pessoas, objetos e ações entre o Brasil e o exterior. A partir da descrição etnográfica de contatos com pais-de-santo realizados entre 2005 e 2010 em Porto Alegre (BR), Santana do Livramento (BR) e Rivera (UY), Montevidéu (UY) e arredores, Buenos Aires (AR) e algumas cidades do conurbano e da província homônima, apresenta-se, nesta tese, o acompanhamento dos atores em seus trânsitos transnacionais e nas suas relações com as sociedades envolventes em cada cidade. Pela análise e interpretação dos dados etnográficos percebe-se que existe uma estrutura afro-religiosa compartilhada nessa região, mas que em cada caso esta apresenta diversificações locais da matriz de pensamento religioso afro-orientado. Esses “desvios estruturais” na afro-religiosidade variam em relação a outros dois pertencimentos: a nacionalidade e a identidade étnica. Além disso, a organização dos papéis rituais e sua distribuição por gênero e orientação sexual aparece como elemento importante nas cenas afro-religiosas platinas. É porque aquelas cidades, através das suas redes de agentes religiosos, estão em relação, histórica e presente, que ocorre essa tensão entre continuidade e diferenciação na estrutura afro-religiosa. Conclui-se tratar-se de um fenômeno transnacional, posto que o estado-nação, os discursos e as identidades que ele agencia, e a organização social poli-étnica que existe sobre sua égide, influenciam nas formas de apropriação, manutenção e expressão das formas e conteúdos afro-religiosos. |
---|