Montagem fílmica e exposição : vozes negras no cubo branco da arte brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Simões, Igor Moraes
Orientador(a): Brites, Blanca Luz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/197434
Resumo: A tese que apresento parte da noção de montagem fílmica, conceito que tomo emprestado do campo do cinema, para pensar os objetos em estado de exposição como fragmentos, que articulam sentidos a partir de encontros afetivos e bélicos em constante negociação no espaço expositivo. Para construir esse lugar de onde vejo a história da arte, reúno o pensamento-filme de Marcelo Masagão e Sergei Eisenstein com os aportes de Achile Mbembe, Georges Didi-Huberman, e Giorgio Agamben, entre outros autores que me acompanham nessa empreitada. Dentro dessa perspectiva, penso as exposições como ilhas de edição que constroem histórias não previstas na História da Arte, disciplina de matriz europeia que junto com a herança colonial constituiu também os cânones daquilo que se denomina como arte brasileira. O foco da minha análise está em dois estudos de caso: as mostras Territórios: Artistas afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca (2015/2016) e Histórias Afro-Atlânticas (2018), nas quais identifico a constituição de narrativas válidas para histórias da arte, parcamente abordadas na historiografia da arte brasileira. A partir dessas exposições, aponto cruzamentos com matrizes e recorrências na história da arte brasileira, analisando objetos produzidos por sujeitos racializados e compreendendo que suas produções tendem a sofrer os mesmos efeitos que seus corpos em uma sociedade marcada pela herança colonial e pelo racismo estrutural. Escrevo a partir do reconhecimento de minha posição marcada como homem negro e historiador da arte, em uma disciplina e um campo tão alvo quanto o cubo que foi depositário dos seus modernismos. Estão aqui as vozes negras que me acompanharam nesse trabalho como artistas, professores e curadores. A tese foi construída de forma a dar conta das permanências da História da Arte como disciplina; da constante manutenção de saberes que passam por questões de raça; da montagem fílmica como ferramenta para escritas da história da arte que se não se pretendem definitivas. As exposições reposicionam a produção de homens e mulheres negras, bem como as suas histórias, em uma perspectiva que inscreve como humanos aqueles que, durante muito tempo, foram alvo não apenas de silenciamentos, mas também de uma escuta seletiva; não apenas de invisibilidade, mas de uma cegueira orquestrada. Em um tempo contemporâneo, marcado pelas disputas, assinalam-se as vozes e fazeres de mulheres e homens negros e negras de forma a redefinir os saberes constituídos.