Avaliação dos desfechos clínicos e desempenho cognitivo em pacientes com diagnóstico de esquizofrenia refratária em uso de clozapina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Londero, Marina Dalla Barba
Orientador(a): Gama, Clarissa Severino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/188877
Resumo: A esquizofrenia é um transtorno crônico, grave e com alto impacto socioeconômico. Apesar dos avanços científicos, a esquizofrenia mantém-se como um dos transtornos mentais mais debilitantes. Cerca de 30% dos pacientes não respondem aos antipsicóticos usualmente prescritos, sendo considerados refratários ao tratamento. Para estes pacientes, a medicação de escolha é a clozapina que, embora mais efetiva, tem o seu uso como primeira opção restrito a este grupo de pacientes devido ao seu potencial de efeitos adversos graves. Mesmo com eficácia bem estabelecida, existem poucos estudos sobre o uso de clozapina a longo prazo. O objetivo do nosso estudo foi avaliar pacientes em tratamento com clozapina a longo prazo quanto a desfechos clínicos e desempenho cognitivo. Este estudo foi realizado em duas etapas. A primeira foi a avaliação de pacientes em uso de clozapina por uma média de 18.94 (±3.72) anos provenientes do Programa de Atenção à Esquizofrenia Refratária. Foram incluídos inicialmente 56 pacientes com diagnóstico de esquizofrenia refratária, idade entre 18-65 anos, sendo que 30 pacientes completaram o último seguimento. A segunda etapa consistiu na avaliação transversal destes pacientes em uso de clozapina comparados a pacientes em uso de outros antipsicóticos em relação ao desempenho cognitivo. No primeiro artigo, analisamos os desfechos clínicos dos pacientes em uso de clozapina a longo prazo através da Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS), entrevista clínica e protocolo de efeitos adversos. Clozapina foi efetiva na redução de sintomas nos primeiros 6 meses de uso (BPRS média no baseline 77.9±16.1, BPRS média em 6 meses 44.4±16.4), seguida por um período de estabilidade e continuidade da melhora a longo prazo (BPRS 17.3±11.67 no último follow up, p < 0.05) e na redução do número de internações após o seu uso (média 5.5 versus 1.4). Apenas um efeito adverso grave (agranulocitose) com necessidade de interrupção do uso foi relatado (1.8% da amostra). No segundo artigo, analisamos a capacidade de aprendizado dos pacientes através da Hopkins Verbal Learning Test - Revised (HVLT-R) e encontramos uma curva de aprendizado semelhante entre os grupos (F (54,1) = 0.499, p=0.483). Os pacientes em uso de clozapina apresentavam idade de início da doença mais precoce e maiores escores de sintomas gerais (sugerindo quadros mais graves), além de iniciarem a clozapina tardiamente no curso do transtorno (9.40±6.79 anos após o diagnóstico), o que poderia estar associado à performance similar entre os grupos a despeito do uso da clozapina. Algumas limitações precisam ser consideradas, como o tamanho da amostra. Contudo, pode-se concluir que, pelo menos para o grupo seguido em média 20 anos após o uso da clozapina, esta é uma droga eficaz na redução de sintomas e diminuição do número de internações, além de apresentar segurança no tratamento a longo prazo.