Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Panceri, Carolina |
Orientador(a): |
Valentini, Nadia Cristina |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/253296
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Resumo: |
Introdução: Crianças prematuras estão em maior risco para apresentar desordens neurodesenvolvimentais que seus pares nascidos à termo. Estudos investigando o transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC) em crianças prematuras em países de baixa e média renda ainda são escassos. A identificação precoce de atrasos no neurodesenvolvimento, permite que a intervenção ocorra o mais cedo possível. Desta forma, a avaliação motora precoce, bem como a identificação de fatores de risco, podem ser os primeiros passos para monitorar o desenvolvimento de recém-nascidos prematuros e propiciar os serviços adequados quando necessário. Objetivos: A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar o desempenho motor e fatores de risco no primeiro ano de vida como preditores do transtorno do desenvolvimento da coordenação, bem como atrasos cognitivos e de linguagem na idade pré-escolar em crianças prematuras no sul do Brasil. Para este propósito foram definidos quatro objetivos específicos: (1) Revisar sistematicamente a prevalência de TDC em crianças prematuras; investigar esta prevalência de acordo com a idade gestacional e diferentes ferramentas de avaliação e comparar com crianças a termo; (2) analisar as associações entre o desempenho motor aos 4, 8 e 12 meses de idade corrigida e o TDC; (3) analisar os fatores de risco no primeiro ano de vida associados ao desfecho de TDC; (4) analisar as associações entre o desempenho motor aos 4, 8 e 12 meses e atrasos cognitivos e de linguagem em crianças prematuras na idade pré-escolar. Métodos: A revisão sistemática foi desenvolvida a partir das recomendações do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-analyses), incluindo estudos que reportassem a prevalência de TDC em crianças prematuras. A qualidade dos estudos foi avaliada e as análises foram realizadas através de uma planilha desenvolvida por Neyeloff, Funchs, Moreira (2012) e do Review Manager Software 5.4 No estudo de coorte a população estudada foi de crianças prematuras e/ou de baixo peso ao nascer acompanhados em um ambulatório de seguimento de um hospital do sul do país. O neurodesenvolvimento das crianças participantes foi avaliado com a BSITD-III e MABC-2. Os pais/responsáveis responderam perguntas relacionadas ao status socioeconômico e aos questionários: DAIS para avaliação das práticas maternas realizadas com a criança ao longo do dia; KIDI para avaliação do conhecimento dos pais sobre o desenvolvimento de seus filhos; e AHEMD-IS para identificar as oportunidades no ambiente doméstico. Os pesquisadores observaram a interação dos pais e criança durante as sessões e preencheram a folha resposta da IRS posteriormente. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do hospital em que a pesquisa ocorreu. Estatística descritiva de média, desvio padrão e frequência foi utilizada para descrever as características dos participantes, bem como demonstrar a prevalência de atrasos e TDC. Comparação entre grupos foram realizadas través do Teste T de Student ou Qui-Quadrado. Regressão Logística foi utilizada para avaliar a predição do desenvolvimento motor no primeiro ano de vida com o TDC e atrasos cognitivos e de linguagem. O Modelo de Regressão Logística multivariada foi utilizado para analisar as relações de fatores de risco com o desfecho de TDC. Resultados: Na revisão sistemática, dentre 1774 estudos identificados nas bases de dados, 32 estudos entraram nas análises. De todos os 32 estudos incluídos foram analisados um total de 31184 participantes prematuros, sendo 5962 deles identificados com TDC. A estimativa de prevalência de TDC foi de 21% (95% CI 17.8 – 24.3). Essa estimativa aumenta conforme a idade gestacional diminui e as análises de comparação mostraram que crianças prematuras tem duas vezes mais chances de TDC do que seus pares nascidos a terma RR 2.2 (95% IC 1.77 – 2.79). Na coorte de prematuros avaliada neste estudo a prevalência de TDC foi de 52.38% entre as crianças prematuras incluídas no estudo. O desenvolvimento motor aos 12 meses foi capaz de predizer o desfecho de TDC, porém aos 4 e 8 meses esta relação não foi significativa. Os fatores de risco que explicaram significativamente a condição de TDC foram sexo, displasia bronco pulmonar e renda familiar. O desempenho motor pobre aos 8 e 12 meses aumentaram as chances de atraso na cognição e linguagem aos 36 meses. Conclusão: A revisão sistemática e metanálise providenciou evidências de que a prevalência de TDC em crianças prematuras é de 21% e eles estão em um risco duas vezes maior de ter TDC do que crianças a termo. A prevalência e o risco aumentam conforme a idade gestacional diminui. Na coorte de prematuros avaliada, nossos resultados ressaltam que crianças brasileiras nascidas prematuras tem taxas mais altas de TDC do que reportado na literatura e que os escores da avaliação motora aos 12 meses de idade corrigida pode predizer o TDC na idade pré-escolar. A condição de TDC está relacionada à fatores biológicos e ambientais confirmando as tendências multifatoriais do neurodesenvolvimento do prematuro. Nossos resultados também ressaltam que os escores motores avaliados aos 8 meses predizem o desenvolvimento cognitivo aos 3 anos, e os escores motores aos 12 meses predizem a linguagem e cognição aos 3 anos. Pelo nosso conhecimento na área, esta é a primeira revisão sistemática e metanálise analisando o TDC de acordo com a idade gestacional e o primeiro estudo de coorte com enfoque no TDC em prematuros no Brasil e América Latina. Dificuldades motoras sutis não devem ser negligenciadas na presença de fatores de risco na população de prematuros. Devido à escassez de estudo com este tópico em países de baixa e média renda, sugerimos pesquisas futuras em diferentes populações para melhor entendimento dos primeiros sinais de alerta. |