Práticas agrícolas e consumo alimentar : indicadores para avaliar a segurança alimentar e nutricional de comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Wille, Patrícia Teresinha
Orientador(a): Bairros, Fernanda Souza de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/224461
Resumo: Considerando o panorama de vulnerabilidades sociais, econômicas, territoriais e ambientais e a constante situação de Insegurança Alimentar e Nutricional das comunidades quilombolas, para avaliar a Segurança Alimentar e Nutricional dessas populações é necessário levar em conta indicadores capazes de expressar suas especificidades. Diante disso, este trabalho objetiva avaliar a Segurança Alimentar e Nutricional por meio das práticas agrícolas e consumo alimentar de quilombolas do Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo transversal de base populacional que utilizou dados de uma pesquisa maior realizada em 2011. Para mensurar a Segurança Alimentar e Nutricional das famílias quilombolas deste estudo foram utilizadas algumas dimensões de monitoramento dispostas no Decreto no 7.272/2010 - produção de alimentos, disponibilidade de alimentos e acesso à alimentação adequada e saudável, que abrangem indicadores, que se configuram nas variáveis desfechos desta pesquisa: práticas agrícolas e consumo alimentar. As variáveis independentes se configuram em demográficas, socioeconômicas e desempenho de práticas agrícolas. Foi realizado tratamento estatístico utilizando o programa Statistical Package for the Social Sciences 18.0: cálculo das frequências absolutas e relativas, médias e desvio padrão, teste qui-quadrado de Pearson e teste-t Student. Foram entrevistados 589 responsáveis por famílias quilombolas, desses, 399 (68%) desempenhavam práticas agrícolas. Entre os indivíduos que exerciam práticas agrícolas, os resultados demonstram que: 96,7% residia no meio rural, com duas a quatro pessoas (58,4%), 59,6% era do sexo feminino, 40,2% tinha idade entre 40 a 59 anos, 62,8% eram casados ou com união estável, 43,5% referiu estar trabalhando, 39,1% dos participantes possuía renda per capita familiar menor ou igual a R$ 140,00, sendo a maioria estratificados nas classes C (45,8%) e D (38,3%). Foram observadas associações significativas (p<0,05) entre desempenho de práticas agrícolas e as variáveis demográficas sexo, estado civil e perímetro e entre as variáveis socioeconômicas classe econômica e ocupação. No que tange à produção de alimentos, 30,7% das famílias pesquisadas realizava a comercialização, 93,3% consumiam esses alimentos, sendo que a maioria (62,4%) relatou que consumiu mais da metade da produção. Constata-se que a realização das refeições jantar e ceia foi significantemente maior naqueles que desempenham práticas agrícolas (p<0,05). Quanto à associação do consumo de alimentos in natura e práticas agrícolas, verificou-se diferença estatisticamente significativa apenas no consumo de frutas no dia anterior da entrevista, 45,5% versus 33,3%. O consumo de médio de energia entre os quilombolas que desempenham práticas agrícolas correspondeu a 1794,4 ± 987,1 Kcal. Além disso, os dados de revelam que os indivíduos que desempenham práticas agrícolas em relação aos demais, possuem uma dieta com a presença maior de carboidratos, fibras, potássio e vitamina C (p<0,05). Com esse trabalho reafirmamos a importância da disponibilidade de alimentos oriundos da produção agrícola domiciliar ou de distintas práticas agrícolas entre quilombolas para alcance da Segurança Alimentar e Nutricional. Além do mais, o desempenho de práticas agrícolas e o cultivo de alimentos são importantes para a garantia da soberania alimentar, manutenção dos saberes tradicionais e cultura alimentar dessa população.