Alimentação, saúde e cultura: um estudo das práticas alimentares em uma comunidade remanescente de quilombo na Amazônia brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Marques, Carla Renata dos Santos
Orientador(a): Barros, Denise Cavalcante de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30869
Resumo: Esta pesquisa se direciona pelas temáticas da alimentação, da saúde e da cultura. Tem como proposta o estudo das práticas alimentares em uma comunidade remanescente de quilombo na Amazônia brasileira. Os objetivos do estudo são: compreender como se configuram as práticas alimentares e de que forma elas se relacionam com a saúde e a cultura dos sujeitos envolvidos no contexto da comunidade quilombola de Abacatal; caracterizar o contexto sociodemográfico e ambiental dessa comunidade, considerando seu processo histórico de formação; conhecer a memória das práticas alimentares e analisa-las a partir das falas dos participantes envolvidos, compreendendo sua relação com a saúde e a cultura desse grupo. A fundamentação teórica buscou conceber como se situam os grupos remanescentes de quilombo, adentrando-se na formação desses grupos no Pará e na comunidade de Abacatal; na perspectiva sociocultural do fenômeno social alimentar; e na dimensão simbólica dos alimentos. Adotou-se a abordagem qualitativa e a perspectiva teórica interpretativista para fundamentar a análise. A construção dos dados ocorreu por meio de levantamento bibliográfico e documental, observação e entrevistas do tipo semiestruturada. A interpretação das falas se deu pela adaptação da análise de conteúdo, em sua vertente temática a partir das narrativas de 10 moradores da comunidade. Os resultados nos situaram sobre a atual conjuntura sociodemográfica e ambiental, os entraves de acesso aos serviços e bens de consumo, a expansão urbana desordenada e os conflitos socioambientais, que ameaçam o acesso aos recursos naturais. Também revelaram a importância do trabalho agroextrativista realizado na comunidade, como norteador do comportamento alimentar e para a manutenção da saúde. Acerca do consumo e aquisição de alimentos, ficaram evidentes as mudanças e permanências do sistema alimentar. A partir da perspectiva cultural, desvelaram-se as relações de comensalidade cotidianas e festivas, apontando as ressignificações e contradições do processo de construção da identidade étnica dessa comunidade. Assim, o alimento/comida figura tanto como elemento de afirmação, quanto de distinção social quilombola, no passado e na atualidade. Em conclusão, os resultados permitem refletir sobre a inserção da cultura alimentar local na perspectiva mais ampla da cultura, como processo de permanente negociação diante das tensões advindas da introdução de padrões ditados pela ordem global de consumo. Ademais, as mudanças nas práticas alimentares associadas a outros fatores podem afetar diretamente ou indiretamente as condições de vida e saúde dessa população.