O desperdício de alimentos e sua relação com as pessoas em situação de vulnerabilidade social na cidade de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Corrêa, Bruna Caroline Cerva
Orientador(a): Nascimento, Luis Felipe Machado do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/248936
Resumo: A preocupação com o meio ambiente e com o futuro da humanidade tem gerado diversas discussões sobre como promover a sustentabilidade em todas as áreas da vida. Neste sentido, a alimentação destaca-se como uma potencial área para intervenções significativas. Uma das discussões neste sentido e a proposta do consumo integral dos alimentos. A importância dessa discussão se dá em razão do paradoxo que existe no Mundo e, em especial no Brasil, onde ao mesmo tempo em que se desperdiça alimento próprio para consumo, milhares de pessoas se encontram em situação de vulnerabilidade social. A presente dissertação objetivou conciliar essas duas demandas urgentes através da proposta da utilização e doação de partes não convencionais dos alimentos, bem como de alimentos subótimos por potenciais agentes doadores para ONGs que fornecem alimentação às pessoas em situação de vulnerabilidade social. A literatura sobre o tema evidencia os benefícios da alimentação integral e que seus benefícios ultrapassam em muito as possíveis barreiras para sua utilização. Para este problema de pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa, através da análise de conteúdo e elaborou-se dois roteiros de entrevistas: um roteiro para os potenciais agentes doadores, e outro para os potenciais agentes receptores, com o fim de mapear as barreiras e entraves para aplicação dessa proposta, bem como os impulsionadores. A pesquisa contou com a participação de oito restaurantes, quatro supermercados, a CEASA e sete ONGs, todos situados em Porto Alegre e/ou Região Metropolitana. Todas as entrevistas foram realizadas a distância, por chamada telefônica ou via Zoom, de agosto de 2020 a fevereiro de 2021 em razão das restrições impostas pela pandemia. Os resultados encontrados, confirmaram as principais barreiras identificadas na literatura sobre o tema tais como o desconhecimento do potencial de aproveitamento dessas partes, bem como a falta de habilidades para manuseio e preparo dessas partes. Além disso, identificou os entraves relacionados à realidade de Porto Alegre, tais como as restrições impostas pela Vigilância Sanitária e a cultura de não doar por medo de possíveis complicações. Outras barreiras encontradas foram à falta de adequado espaço físico nas ONGs e o nulo ou raro recebimento de hortifrutigranjeiros, realidade de algumas ONGs entrevistadas. Entre as considerações finais destaca-se o reconhecimento por parte dos entrevistados da importância de uma desconstrução do pensamento atual sobre as doações e da importância do conhecimento para mobilização, seja na redução do desperdício de alimentos, seja na aderência ao consumo das partes não convencionais e de como ampliar as possibilidades de doação através da mobilização dos agentes envolvidos por meio de redes de apoio, que podem melhorar significativamente a qualidade nutricional da alimentação fornecida às pessoas em situação de vulnerabilidade social. Quanto à aderência a proposta, seja pelo contexto atual que forçou o espírito de solidariedade ou por motivação pré-existente, apesar dos entraves ainda existentes, os entrevistados mostraram forte aderência a proposta, bem como apresentaram as condições e circunstâncias necessárias para isso, resultando na perspectiva de melhora na quantidade e qualidade das doações fornecidas as pessoas em situação de vulnerabilidade social.