Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Bastian, Lillian |
Orientador(a): |
Waquil, Paulo Dabdab |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/187589
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Resumo: |
O tema da convencionalização dos mercados de orgânicos vem sendo discutido e analisado no Brasil e em outros países há aproximadamente duas décadas. No processo de convencionalização compreende-se que a agricultura orgânica manifesta parcialmente seus princípios apresentando similaridades com a agricultura agroquímica. Além da descaracterização da agricultura orgânica enquanto um sistema de produção de alimentos com princípios da saúde, ecologia, justiça e precaução, as implicações destas transformações acarretam perda de mercado pela categoria de agricultores familiares e apropriação da produção, beneficiamento e comercialização dos alimentos orgânicos pelo segmento mais capitalizado do sistema de produção de alimentos. Com intenção de compreender da melhor forma possível como este processo vem ocorrendo, o objetivo principal da tese é identificar como o processo de convencionalização está ocorrendo na região meridional brasileira. Incluíram-se na investigação agricultores, agroindústrias processadoras, lojistas e consumidores de municípios de quatro estados: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A tese é teoricamente sustentada pela Perspectiva Multinível que compreende que um sistema sociotécnico opera conforme três diferentes níveis: o nicho tecnológico, o regime sociotécnico e a paisagem. Conforme esta perspectiva compreende-se que podem ocorrer transições no sistema sociotécnico. Estas transições podem ser incrementais ou radicais. Transições radicais são aquelas que mudam profundamente o regime e transições incrementais são as que aperfeiçoam o regime. Para operacionalizar esta pesquisa foram utilizadas as técnicas da metodologia qualitativa: entrevistas semiestruturadas com tópicos e questões, observação participante, conversas informais, diários de campo e revisão de literatura. Os dados são qualitativos e quantitativos, primários e secundários. Os resultados encontrados na tese reforçam que há especificidades no processo de convencionalização dos mercados de orgânicos. Identificou-se que os indícios da convencionalização encontrados entre os agricultores e alguns dos formatos, ações e critérios por meio dos quais os alimentos orgânicos são adquiridos, beneficiados e comercializados são particulares da região investigada. Muitos dos indícios são distintos dos identificados em outras investigações sobre a convencionalização realizadas tanto no Brasil como em outros países. Por outro lado, observou-se a adoção de formatos, ações e critérios muito similares aos do regime sociotécnico alimentício dominante. Quanto as relações entre os atores destacam-se a terceirização por meio da atuação fragmentada das agroindústrias e dos lojistas na produção e beneficiamento dos alimentos orgânicos. Descobriu-se que alguns dos atores investigados atuam unicamente na distribuição e logística das matérias-primas e produtos. Além disso, alguns atuam controlando direta e indiretamente o acesso dos agricultores a distintos canais de comercialização. Dentre os agricultores, beneficiadoras e lojistas convencionalizados, uma pequena parcela apresenta como indícios as características da hipótese da bifurcação de grande escala e especialização produtiva. Estes e demais resultados encontrados apontam para uma ampliação da rede da agricultura orgânica com a entrada do nicho da agricultura orgânica no regime sociotécnico alimentício dominante. A agricultura orgânica encontra-se bem ancorada a este regime, mas mantem distintas expressões. Conforme a Perspectiva Multinível, muitas das atuais transições observadas no regime sociotécnico alimentício dominante são indicativos de uma futura inovação do sistema. Entretanto, é cedo para saber quais serão os impactos dessa interação. Futuramente, novas pesquisas poderão ser feitas para averiguar os desdobramentos da ancoragem do nicho da agricultura orgânica ao regime sociotécnico alimentício dominante. |