Efeito do tempo de utilização de antimicrobianos prescritos para o tratamento de infecções comunitárias no comportamento e no microbioma intestinal : estudo em modelo animal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Arcanjo, Rafaela Alves
Orientador(a): Montagner, Francisco
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/222301
Resumo: O cérebro e o intestino comunicam de forma dinâmica e complexa através de diferentes vias, formando um eixo bidirecional, cujo equilíbrio depende da composição da comunidade microbiana que habita o intestino. Estudos tem revelado que a microbiota intestinal influencia o normal funcionamento do cérebro e o comportamento, através da via neural, endócrina ou imunitária. Desta forma, a comunidade bacteriana comensal presente no intestino é responsável por regular as respostas ao stress, tendo-se demostrado que modificações na composição da microbiota se encontram associadas ao desenvolvimento de ansiedade, depressão e prejuízos na memória. A exposição a antimicrobianos pode causar alterações na composição do microbioma intestinal, dependendo do antibiótico utilizado, da dose e do tempo de exposição. O impacto causado pela exposição a esses medicamentos rotineiramente utilizados em infecções comunitárias ainda é pouco conhecido. Nesse contexto o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do uso de amoxicilina e clindamicina na diversidade e na estrutura da microbiota intestinal, além das possíveis alterações de comportamento em animais. Ratos Wistar machos (N = 42, 8 semanas de idade) foram alocados por randomização simples em quatro grupos experimentais principais: dois controles, dois grupos de teste e um Naive Group. Os animais foram tratados, por gavagem, com amoxicilina e clindamicina (25 mg/kg) de 12/12 por 3 e 7 dias. Foram coletadas as fezes dos animais, após 3,7,30,60 e 90 dias do tratamento, para avaliar o aumento ou diminuição das colônias, utilizando-se o método de cultura bacteriana, foi realizado o sequenciamento para identificar e diferenciar as cepas. Os animais foram avaliados no Teste de Campo Aberto e Labirinto em cruz elevado como medida de ansiedade. Para avaliação da memória foi realizado o Teste de Reconhecimento de Objetos. Após a administração de qualquer um dos antibióticos por 3 e 7 dias, houve uma mudança estatisticamente significativa na carga bacteriana, com aumento nos filos Bacterioidetes e Proteobacteria. Os animais tratados com antibióticos exibiram alterações de memória de reconhecimento reduzidas, acompanhadas por um efeito anxiogênico que permaneceu significativo por 30 dias em ratos que haviam sido tratados com antibióticos por 7 dias. Os resultados do presente estudo sugerem que mudanças na composição do microbioma intestinal pela administração de antibióticos podem levar à modulação cognitiva e comportamental em ratos quando amoxicilina e clindamicina são empregadas em esquemas posológicos para tratamento de infecções comunitárias.